sábado, 14 de dezembro de 2013

Corpo de Mandela chega a vilarejo de Qunu para sepultamento


Por Alfons LUNA (AFP)
Qunu (África do Sul) — O corpo de Nelson Mandela chegou neste sábado a Qunu, o vilarejo em que passou a infância e no qual será enterrado, uma semana e meia depois da morte e de várias homenagens dos sul-africanos.
"É real, é triste, acabou, isto é tudo", disse à AFP Koleka Mkukwana, de 20 anos, que esperou a passagem do cortejo fúnebre na entrada de Qunu enrolada na bandeira sul-africana.
O carro que transportava o caixão chegou às 16H00 (12H00 de Brasília) em Qunu, onde 300 pessoas esperavam nos dois lados da estrada para prestar o último tributo a Mandela, que faleceu em 5 de dezembro aos 95 anos.
"Vai descansar em paz. Agora nós temos que nos unir", disse Phatwe Maxsiswa, de 32 anos.
"Estou muito orgulhoso de viver em Qunu, a terra de Mandela", disse à AFP Ali Hamad, de 23 anos, um paquistanês com uma pequena bandeira sul-africana e que pertence a uma das poucas famílias de imigrantes do vilarejo.
A viagem a Qunu a partir de Pretória, onde 100.000 pessoas passaram em três dias pela capela ardente, era a última oportunidade dos cidadãos de estar perto de Mandela antes do enterro.
"Quando for velha, quero explicar a história de Rolihlahla chegando ao aeroporto", afirmou Pamela Timakwe, de 35 anos - usando o nome em língua xhosa de Mandela -, que estava com a filha Hlumile, de oito anos.
O funeral começará no domingo às 8H00 (4H00 de Brasília) com uma cerimônia de duas horas, com a presença de quase 50.000 pessoas, mas o enterro, na propriedade da família em Qunu, será estritamente privado, fechada à imprensa e à população
O corpo de Mandela saiu da base área Waterkloof de Pretória às 12H00 (8H00 de Brasília) em um avião militar escoltado por dois caças e chegou a Mthatha duas horas depois.
No aeroporto de Mthatha foi recebido com o hino nacional, enquanto a viúva Graça Machel e a ex-esposa do líder sul-africano, Winnie Mandela, se consolavam mutuamente.
No domingo, as formalidades e o protocolo de Estado darão passagem aos rituais tradicionais da etnia Xhosa, incluindo o sacrifício de um boi.
O funeral do Prêmio Nobel da Paz será supervisionado pelos idosos do clã e acontecerá na fazenda da família.
O sacrifício do animal - recorrente em momentos importantes - será parte crucial do evento.
Outra polêmica: Tutu não estará no enterro
O enterro de domingo terá a presença de autoridades estrangeiras, principalmente africanos, assim como de algumas personalidades como o ativista americano dos direitos civis Jesse Jackson.
Mas também terá uma nova polêmica, mais uma na série registrada nos nove dias de luto, como o falso intérprete da linguagem de sinais da cerimônia de Estado no estádio Soccer City de Johannesburgo ou as vaias no mesmo evento ao presidente sul-africano Jacob Zuma.
Desta vez, o ex-arcebispo anglicano e Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu, crítico do governo sul-africano, não comparecerá ao enterro de seu amigo e companheiro de luta porque não foi convidado.
"Eu gostaria de assistir à cerimônia para dar um último adeus a alguém de quem gostava e apreciava, mas teria sido pouco respeitoso com Tata aparecer em algo que está planejado como um funeral privado da família", afirma em um comunicado.
"Se meu gabinete ou eu mesmo tivéssemos sido informados de que eu era bem-vindo, não perderia por nada no mundo", completa a nota.
A presidência sul-africana, no entanto, afirmou que Tutu estava na lista de convidados ao sepultamento.
"Eu conferi e definitivamente está na lista", disse o porta-voz da presidência, Mac Maharaj, à AFP.
"É uma pessoa muito especial para nosso país e sem dúvida nenhuma está na lista", insistiu.

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