Rio de Janeiro
- Estudantes de pelo menos dez cidades brasileiras farão protestos
contra o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) nesta quarta-feira (3).
As manifestações, denominadas "Enem pro espaço", foram organizadas pelo Facebook para ocorrer simultameamente entre 14h e 17h e têm como principais reivindicações a volta da correção das redações pelas universidades, o direito à revisão de provas e transparência nos critérios para calcular as notas.
No Rio de Janeiro, o local escolhido foi o Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação (MEC) na cidade.
No mesmo horário, também há passeatas marcadas em São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Curitiba, Porto Alegre, Porto Velho, Teresina e Imperatriz (Maranhão). Os vestibulandos cariocas Brayan de Mello, Ana Luísa Faria, Jeniffer Araújo, Daniel Ramos e Filipe Oliveira já prepararam seus cartazes para o evento.
— O que queremos é parar a cidade para chamar atenção para essa injustiça cometida contra os estudantes. Nossa principal reivindicação é a revisão das redações, que é um direito nosso. E não é desculpa de quem foi mal na prova, pois tirei 800 em 1.000 — diz Brayan. A redação, que é a prova que vale mais pontos, é corrigida de qualquer maneira.
Anteontem, o procurador da República no Ceará Oscar Costa Filho havia pedido à Justiça Federal que a nota da redação não fosse considerada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usará o resultado do Enem como forma de acesso a 95 instituições federais.
Segundo o procurador, não é possível combinar a nota de redação e as notas das provas objetivas, pois ambas seguem diferentes metodologias de cálculo.
— Consultei professores da Matemática da Universidade Federal do Ceará, e houve unanimidade de que é uma questão de lógica. Do ponto de vista jurídico, há uma violação do princípio de igualdade. A TRI busca corrigir distorções, e é incompatível com a nota absoluta da redação — argumenta Costa Filho.
Enquanto a redação varia numa escala de 0 a 1.000 e tem valor absoluto, porque não envolve nenhum cálculo estatístico, as notas das quatro provas de múltipla escolha são calculadas de acordo com a Teoria da Resposta ao Item (TRI).
O modelo leva em consideração erros e acertos dos candidatos e o nível de dificuldade de cada questão para calcular o resultado final dos candidatos. Com isso, as notas mínimas e máximas variam em escalas diferentes.
Mestre em Econometria pela London Business School e em Matemática pelo IMPA, Leonardo Cordeiro endossa o argumento de que é um equívoco somar notas com metodologias diferentes. Para ele, as soluções possíveis são usar a nota da redação apenas com caráter eliminatório ou calcular as notas das provas objetivas pelo percentual de acertos de cada candidato, descartando o TRI, como era feito até 2008.
— O que não se pode é misturar as duas medidas. Usar a nota da redação combinada com a TRI provoca uma distorção matemática tão grande na classificação que, em média, 40 a 50% dos alunos que poderiam ser aprovados anteriormente deixariam de passar por esse cálculo. Ao misturar notas obtidas por metodologias incompatíveis, o MEC compara "maçãs" com "laranjas" — diz Cordeiro que foi professor de Finanças da London School of Economics, na Inglaterra, por cinco anos.
Na opinião de Cordeiro, a não divulgação das notas de todos os candidatos fere os príncipios de transparência em concursos públicos. Para ele, se o MEC divulgasse detalhes da metodologia empregada como os parâmetros estimados pela TRI para cada item ou questão, seria possível recalcular a nota final obtida por cada candidato:
— Esses parâmetros são os de discriminação, de dificuldade e de acerto casual. Como são parâmetros universais, a divulgação não fere princípios de confindecialidade e certamente acalmaria os espíritos dos candidatos, que poderiam confirmar a validade de suas notas.
O MEC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só se pronunciará judicialmente.
As manifestações, denominadas "Enem pro espaço", foram organizadas pelo Facebook para ocorrer simultameamente entre 14h e 17h e têm como principais reivindicações a volta da correção das redações pelas universidades, o direito à revisão de provas e transparência nos critérios para calcular as notas.
No Rio de Janeiro, o local escolhido foi o Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação (MEC) na cidade.
No mesmo horário, também há passeatas marcadas em São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Curitiba, Porto Alegre, Porto Velho, Teresina e Imperatriz (Maranhão). Os vestibulandos cariocas Brayan de Mello, Ana Luísa Faria, Jeniffer Araújo, Daniel Ramos e Filipe Oliveira já prepararam seus cartazes para o evento.
— O que queremos é parar a cidade para chamar atenção para essa injustiça cometida contra os estudantes. Nossa principal reivindicação é a revisão das redações, que é um direito nosso. E não é desculpa de quem foi mal na prova, pois tirei 800 em 1.000 — diz Brayan. A redação, que é a prova que vale mais pontos, é corrigida de qualquer maneira.
Anteontem, o procurador da República no Ceará Oscar Costa Filho havia pedido à Justiça Federal que a nota da redação não fosse considerada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usará o resultado do Enem como forma de acesso a 95 instituições federais.
Segundo o procurador, não é possível combinar a nota de redação e as notas das provas objetivas, pois ambas seguem diferentes metodologias de cálculo.
— Consultei professores da Matemática da Universidade Federal do Ceará, e houve unanimidade de que é uma questão de lógica. Do ponto de vista jurídico, há uma violação do princípio de igualdade. A TRI busca corrigir distorções, e é incompatível com a nota absoluta da redação — argumenta Costa Filho.
Enquanto a redação varia numa escala de 0 a 1.000 e tem valor absoluto, porque não envolve nenhum cálculo estatístico, as notas das quatro provas de múltipla escolha são calculadas de acordo com a Teoria da Resposta ao Item (TRI).
O modelo leva em consideração erros e acertos dos candidatos e o nível de dificuldade de cada questão para calcular o resultado final dos candidatos. Com isso, as notas mínimas e máximas variam em escalas diferentes.
Mestre em Econometria pela London Business School e em Matemática pelo IMPA, Leonardo Cordeiro endossa o argumento de que é um equívoco somar notas com metodologias diferentes. Para ele, as soluções possíveis são usar a nota da redação apenas com caráter eliminatório ou calcular as notas das provas objetivas pelo percentual de acertos de cada candidato, descartando o TRI, como era feito até 2008.
— O que não se pode é misturar as duas medidas. Usar a nota da redação combinada com a TRI provoca uma distorção matemática tão grande na classificação que, em média, 40 a 50% dos alunos que poderiam ser aprovados anteriormente deixariam de passar por esse cálculo. Ao misturar notas obtidas por metodologias incompatíveis, o MEC compara "maçãs" com "laranjas" — diz Cordeiro que foi professor de Finanças da London School of Economics, na Inglaterra, por cinco anos.
Na opinião de Cordeiro, a não divulgação das notas de todos os candidatos fere os príncipios de transparência em concursos públicos. Para ele, se o MEC divulgasse detalhes da metodologia empregada como os parâmetros estimados pela TRI para cada item ou questão, seria possível recalcular a nota final obtida por cada candidato:
— Esses parâmetros são os de discriminação, de dificuldade e de acerto casual. Como são parâmetros universais, a divulgação não fere princípios de confindecialidade e certamente acalmaria os espíritos dos candidatos, que poderiam confirmar a validade de suas notas.
O MEC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só se pronunciará judicialmente.
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