Pai e filho foram encontrados mortos dentro de um carro
Integrantes da polícia e do Ministério Público estão considerando a
disputa pela posse de um terreno na Avenida Paralela como o motivo por
trás do duplo assassinato que teve como vítimas o empresário André
Cintra Santos, 54 anos, e o filho dele, o estudante de engenharia
ambiental Matheus Braga Cintra, 21 anos.Ambos foram executados com 18 tiros, por volta das 10h de sexta,27, justamente no terreno em questão. Próximo ao Parque de Exposições, o imóvel, de propriedade de André, seria alvo de empresários.
Testemunhas contaram à polícia que dois homens, em um VW Gol prata (NTI-0217), surpreenderam pai e filho, enquanto estes fotografavam uma placa instalada pela Transalvador no terreno.
O delegado Alex Gabriel Chehade, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), presidiu o levantamento cadavérico e confirmou que as primeiras apurações indicaram que “existia uma briga pela posse do terreno”.
“As vítimas fotografavam uma placa (a qual informava que o terreno poderia ser usado como estacionamento sem cobrança de taxa). Apuramos que André iria explorar o local como estacionamento pago”, relatou Chehade, acrescentando que a câmera do empresário foi encaminhada à perícia.
Pistas - “O empresário usava a máquina na hora do crime. Pode haver alguma pista”, frisou o delegado. A continuidade das investigações ficará a cargo do delegado Jesus Pablo Barbosa, também do DHPP, que, até o fechamento desta edição, já havia colhido depoimentos de sete pessoas – três delas familiares das vítimas.
O conteúdo dos depoimentos não foi revelado pelo delegado Barbosa. “Já temos linhas investigativas definidas, mas mantendo nosso trabalho sob sigilo”, explicou. A movimentação de parentes e amigos na sede do DHPP, na Pituba, foi intensa, mas ninguém quis falar à imprensa.
Cena do crime - Segundo policiais militares da 82ª Companhia Independente (CAB), primeiros a chegar à cena do crime, nenhum objeto de valor foi subtraído do empresário nem do filho, assassinados no interior do veículo de André, um VW Fox branco (NYR-8075).
No local do assassinato, segundo os soldados, foram encontradas as carteiras de ambos, com dinheiro e documentos, telefones celulares, além da máquina fotográfica digital. Sob anonimato, um funcionário do empresário informou que André fotografava a placa porque a Transalvador teria instalado a peça na quarta, “sem a permissão” do dono.
“Ele perguntou aos homens da Transalvador, que eram dois, com que autorização eles estavam fazendo aquilo, o que gerou um princípio de discussão”, relatou o funcionário, acrescentando que André planejava construir uma área de lazer no local, para ser usada pelos moradores do Bairro da Paz.
“O que ele me dizia era que a população de Salvador ia ter orgulho da obra”, lembrou o rapaz. “Quando recebi a notícia da morte dele, não acreditei, porque tinha ele como pai, não como um patrão”, lamentou o funcionário.
O advogado de André, James Adorno, revelou que o empresário foi orientado pelo Ministério Público a buscar programas de proteção à vida. Conforme Adorno, apesar de temeroso, André teria recusado a sugestão.
O advogado ainda contou que André havia protagonizado uma discussão com desconhecidos na Paralela, há uma semana. “Ele desconfiou que um veículo o seguia e, num posto, anotou a placa. Os dois homens a bordo do carro o interpelaram e André explicou ter feito aquilo porque sentia-se ameaçado”, disse.
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