quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Operação Lava Jato centra fogo no elo partidário da propina

Operação Lava Jato centra fogo no elo partidário da propina

“Eu simplesmente fui a engrenagem”, diz doleiro Alberto Youssef ao revelar o trajeto da propina

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef estão ajudando a mapear o loteamento feito por partidos da base do governo na Petrobras, o elo político que falta para fechar o cerco na Operação Lava Jato.
Jeso Carneiro/Agência Senado
O doleiro Alberto Yousseff
“Eu simplesmente fui a engrenagem para que pudesse haver o recebimento e os pagamentos aos agentes públicos”, disse o doleiro, no depoimento em que explica seu papel no esquema. Em ações que correm paralelas ao processo de delação premiada na Justiça Federal do Paraná, ele e Costa detalharam valores e os nomes dos operadores que agiram pelo PP, PMDB e PT.
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Costa e Youssef atuaram como sócios informais na azeitada máquina de propina, mas era o doleiro quem, no varejo, tinha mais contatos com o mundo político e cuidava das operações bancárias ou do envio das malas de dinheiro que transitavam no eixo Rio/São Paulo/Brasília. Ele detalha o trajeto da propina:
“O procedimento era com emissão de notas fiscais (frias) e recebimento em conta ou a empresa que me pagava lá fora e eu internava esses reais aqui. E o que era de Brasília ia para Brasília, e o que era do Paulo Roberto Costa ia para o Paulo Roberto Costa, no Rio de Janeiro”, diz Youssef ao juiz federal Sérgio Moro.
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A viagem de um grupo de procuradores da República à Suíça e, possivelmente, a outros paraísos fiscais, foi motivada por informações prestadas pelo doleiro sobre contas abertas no exterior para, segundo se suspeita, proteger parte do dinheiro dos partidos envolvidos no esquema.
Youssef afirma ter sido informado por empreiteiros e diretores da Petrobras envolvidos no esquema de corrupção, que o “acordo prévio” sobre o “ajuste político” que precedia cada contrato relacionado a grandes obras, vigorava em todas as áreas da Petrobras. A Justiça já identificou recebimento de propinas nas diretorias de Abastecimento, Serviços e Internacional. Outras quatro - Financeira, Gás e Energia, Exploração e Produção e Engenharia Tecnologia e Materiais - passarão por um pente fino.
Pelos depoimentos de Costa e Youssef, as autoridades reforçaram as suspeitas de que o esquema, arquitetado pelo ex-deputado José Janene, do PP paranaense, morto em 2010, foi implantado logo depois do mensalão e pode envolver outros partidos.

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