quinta-feira, 15 de maio de 2014

Manifestações contra a Copa ocorrem em todo o país e no exterior

Manifestações contra a Copa ocorrem em todo o país e no exterior

 
Desde a Copa das Confederações, uma série de protestos tem ocorrido no Brasil. Na foto, protesto realizado, em abril, por manifestantes que apoiaram os ex-moradores de um prédio da Oi, no Rio de Janeiro.
Desde a Copa das Confederações, uma série de protestos tem ocorrido no Brasil. Na foto, protesto realizado, em abril, por manifestantes que apoiaram os ex-moradores de um prédio da Oi, no Rio de Janeiro.
Tomaz Silva/Agência Brasil
Lúcia Müzell
Esta quinta-feira vai ser marcada por dezenas de manifestações contra a Copa do Mundo no Brasil. Todas as cidades-sede da competição e oito no exterior devem registrar protestos, a menos de um mês da abertura do Mundial. Os movimentos sociais esperam que até 50 municípios participem da ação, que questiona os impactos e os gastos gerados pelo evento.
Os manifestantes se mobilizam através das redes sociais. As bandeiras são diversas: contra as violações dos direitos humanos, o despejo de moradores de regiões com atividades para o Mundial, por mais investimentos em serviços públicos e em apoio a trabalhadores em greve, entre outras.
Para o Comitê Popular da Copa de São Paulo, o 15 de maio será uma ocasião de exigir o direito de protestar sem repressão, como explica Juliana Machado, membro da entidade. “Queremos garantir a liberdade de manifestação, que está muito ameaçada com projetos de lei, reforço na segurança, nas polícias militares e no Exército, que já estão a postos para coibir protestos na Copa. Queremos o direito à manifestação para então poder reivindicar o direito à moradia, ao trabalho ambulante, o fim da exploração sexual de crianças e mulheres”, afirma.
Conforme Juliana, a violência ocorrida em algumas manifestações é iniciada pela polícia. Para ela, a depredação do patrimônio público por manifestantes reflete a insatisfação quanto à qualidade dos serviços no Brasil.
“Essa violência, que não é contra pessoas, é uma resposta à violência cotidiana do Estado contra a população. A violência é nos deixar em ônibus e metrôs lotados, com uma qualidade péssima de serviço, filas na saúde pública, péssimas condições de educação, ter milhões de pessoas despejadas de suas casas para dar lugar a obras da Copa, sem alternativa de moradia”, destaca. “Sem contar a violência contra a população de rua, que está sendo expulsa do centro da cidade para não ser vista pelos turistas.”
A favor do futebol
Juliana destaca que o movimento, iniciado em 2011 para fiscalizar as obras e atividades relacionadas à Copa, não era contrário à realização do Mundial no Brasil – mas não tolera a forma como o país se organizou para o evento. “Agora nós somos contra a Copa, porque hoje nós vemos que uma Copa que promove tudo isso não pode trazer nada de positivo para a população. Ela só trouxe desgraça para a vida das pessoas”, observa. “Mas não somos contra o futebol.”
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o Juntos!, coletivo de movimentos sociais, são algumas das entidades que confirmaram presença nos protestos desta quinta. Também a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular - Coordenação Nacional de Lutas) vai às ruas demonstrar a insatisfação com a realização da Copa. O dirigente Atenágoras Lopes ressalta que a manifestação não tem caráter político. “Se para defender direitos e garantir que eles se ampliem nós temos que enfrentar qualquer governo, nós achamos que não depende do fato de ele ser do PT ou do PSDB, contra o qual nós também nos posicionamos”, garante.
Pressão permanece
Lopes concorda que o futebol é importante para o país, mas acha que os custos materiais e sociais do Mundial só causaram “indignação”. “Fazemos um questionamento frontal dos gastos do dinheiro público com esse evento, em detrimento da precariedade e o abandono dos serviços básicos à população trabalhadora. O dia 15 é um dia de luta contra as agressões, o derrame de dinheiro para as empreiteiras, a submissão às regras da Fifa e, como desdobramento disso, o aumento da tensão, da repressão”, explica.
Os participantes dos protestos desta quinta garantem: a pressão pela melhoria dos serviços só vai aumentar até o início da Copa, e deve se manter durante e após o evento.

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