Selic maior encarece crédito para antecipação do Imposto de Renda
Os contribuintes
que recorrerem a linhas de crédito que viabilizam a antecipação do
Imposto de Renda (IR) neste ano vão pagar mais caro pelo empréstimo.
Embora a elevada competitividade nos bancos contenha uma alta mais
acentuada das taxas, o maior patamar da Selic, que passou de 7,25% em
março do ano passado para 10,75% na última reunião, pressionou para cima
os juros cobrados neste tipo de financiamento, tanto nos bancos
privados como nos públicos.
Apesar
disso, as instituições esperam desembolsar mais este ano. Isso porque o
custo do empréstimo para antecipação do IR ainda é mais atrativo do que
outras linhas, como crédito pessoal e cheque especial. Para os bancos, o
interesse em emprestar também é maior devido ao baixo risco da
operação. A inadimplência é pequena, similar ao do crédito consignado
(com desconto em folha), uma vez que o desconto é feito na conta do
cliente no ato do recebimento da restituição. Se o contribuinte cair na
malha fina do IR, o desconto da antecipação geralmente é combinado.
O
Bradesco espera neste ano uma alta maior nos desembolsos do que em
2013, quando o montante liberado cresceu cerca de 15%, conforme José
Ramos Rocha Neto, diretor do departamento de empréstimos e
financiamentos do banco. As taxas iniciam em 2,27% ao mês, acima da
mínima de 1,89% no ano passado. Os correntistas podem antecipar até 100%
da restituição no limite de até R$ 20 mil.
“Tivemos
um aumento geral das taxas no mercado devido ao repasse do custo do
dinheiro que subiu com a Selic. Mas a concorrência vem fazendo com que
mesmo com que os juros maiores, os preços finais para bons riscos
permaneçam estáveis ou com pequenas alterações”, avalia Rocha Neto, em
entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Até
mesmo no Banco do Brasil – que comandou ao lado da Caixa Econômica
Federal a redução dos juros a pedido do governo federal, numa postura
anticíclica para impulsionar a economia – elevou os juros cobrados. A
instituição reabriu nesta quinta-feira a linha para antecipação de IR
com taxas a partir de 1,69% a.m., também superior ao mínimo em 2013, de
1,59%. O limite é de R$ 20 mil para até 100% do valor do crédito a ser
restituído.
Para
este ano, o BB espera elevar em 25% os empréstimos para antecipação de
IR, alcançando R$ 550 milhões em volume. Em 2013, o banco fez 233 mil
operações com desembolso total de cerca de R$ 440 milhões. “Nossa
estimativa para 2014 é conservadora. Esperamos manter o ritmo de
crescimento visto nos últimos anos em meio ao aumento de renda da
população e o maior número de declarantes”, explica o diretor de
empréstimos e financiamentos do BB, Edmar Casalatina.
No
Santander, os juros cobrados na antecipação do imposto iniciam em 2,20%
ao mês e os limites vão de R$ 100 a R$ 10 mil. As taxas, que no ano
passado se equiparam ao do BB, também subiram. Em 2013, iniciavam em
1,59% ao mês. Já o Itaú Unibanco, que no ano passado cobrou no mínimo
1,9% a.m. para conceder antecipação de IR, em 2014 tem taxas a partir de
2,34% ao mês.
Os
juros cobrados no HSBC, que também liberou a opção de antecipar a
restituição do IR aos seus correntistas, vão de 1,79% a 3,49% a.m. Os
clientes podem adiantar até 100% do valor, limitado a R$ 30 mil, e o
dinheiro é liberado na hora. A antecipação está disponível a partir de
R$ 300. A liquidação do empréstimo é automática e ocorre no recebimento
da restituição ou até 23 de fevereiro de 2015.
Na
contramão dos seus pares, a Caixa foi o único banco a manter as taxas
cobradas no crédito para antecipação de IR. Com juros a partir de 1,57%
ao mês, o banco antecipa até 75% do valor da restituição com valor
máximo de R$ 20 mil. Para clientes com conta salário na Caixa, a cifra é
maior, de R$ 30 mil.
Os
recursos antecipados pelas linhas de crédito disponíveis no mercado não
possuem destinação específica e podem ser utilizados a critério do
cliente. Para este ano, a Receita Federal espera que 27 milhões de
declarações sejam feitas até 30 de abril. Em 2013, foram pouco mais de
26 milhões.
Fonte: Estadão
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