Em escuta, bandidos da Favela da Rocinha dizem que PM ‘tem que apresentar corpo’ de Amarildo desaparecido
.
Esse caso cada vez fica mais complicado, as vezes acho que a polícia quer investigar, outra não, por que será ?
Tem muita coisa errada aí, prova disso é os dois delegados que atuaram no inquérito discordam de quase tudo, por que ?
Esse caso cada vez fica mais complicado, as vezes acho que a polícia quer investigar, outra não, por que será ?
Tem muita coisa errada aí, prova disso é os dois delegados que atuaram no inquérito discordam de quase tudo, por que ?
Extra
Um diálogo entre dois traficantes da Rocinha, no último dia 24, dez
dias após o desaparecimento de Amarildo de Souza, cita um sobrenome
igual ao de um soldado da UPP da Rocinha como sendo o do responsável
pela morte do pedreiro. Na conversa — relatada nos autos do inquérito
que investigou o tráfico na Rocinha e terminou com a denúncia de 16
pessoas — um dos bandidos “parece dizer que Vital ou Vidal é quem tem
que apresentar o corpo”. Eles falavam sobre “o desaparecimento de um
homem”. O soldado Douglas Vital, conhecido como Cara de Macaco, fazia
parte da equipe de PMs que abordou Amarildo no dia do desaparecimento.
No
relatório encaminhado à Justiça pelo ex-delegado assistente da 15ª DP
(Gávea), Ruchester Marreiros, responsável pela investigação, a versão é
outra. No texto, ele descreve que os bandidos “comentam sobre a entrega
da morte de ‘Boi’ (apelido de Amarildo), tendo sido o mesmo inicialmente
espancado e queimado e que a responsabilidade pelo aparecimento seria
de Djalma”. Ao EXTRA, Ruchester explicou a discrepância.
— Antes
de concluir o relatório, o responsável pela escuta entendeu que os
bandidos falavam do traficante Luiz Jesus da Silva, o Djalma. Depois que
entreguei, ele mudou a versão — afirma.
Bandido citou Amarildo em ameaça
Num
depoimento datado de 8 de agosto e anexado aos inquéritos da 8ª
Delegacia de Polícia Militar Judiciária e da Divisão de Homicídios, uma
testemunha revela que o traficante Thiago Silva Mendes Neris, 24 anos, o
Catatau, teria procurado a mulher para dizer que“se ela não saísse da
Rocinha, ele faria a mesma coisa que tinha feito com Amarildo”.
No
documento, a que o EXTRA teve acesso, a mulher — mãe de um menor
infrator expulso pelo tráfico da Rocinha por suspeitas de que ele seria
informante da polícia — afirma que conhecia Amarildo e que ele fazia
parte do tráfico de drogas da favela e ajudava na endolação da droga.
Ela afirma ainda que, há dois anos, o pedreiro teria chamado seu filho e
oferecido R$ 50 “para que ele quebrasse a câmera do major, ou seja, a
câmera utilizada pela UPP”. A proposta, que ela afirma não ter sido
paga, teria sido feita a pedido do traficante John Wallace da Silva
Viana, o Johnny — que passou a controlar o tráfico na Rocinha após a
prisão do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.
Explicação
O
coronel Frederico Caldas, comandante das UPPs, explicou por meio de
nota o trajeto da viatura que levou Amarildo à UPP. “A viatura foi
mandada para seu posto de baseamento no Largo do Boiadeiro. Depois de
alguns minutos no posto, foi orientada a ir abastecer no Batalhão de
Choque. Os policiais seguiram pelo Túnel Rebouças e entraram pelo
caminho errado — eles são de fora da cidade”, afirmou.
O policial
Sidney Félix Cuba, natural de Itaperuna, no Noroeste Fluminense,
informou, ontem, à Delegacia de Polícia Judiciária Militar que “foi
deslocado pela Sala de Operações para o abastecimento no BPChoque, já
que não havia combustível no 23º BPM (Leblon). Erraram o caminho algumas
vezes, abasteceram, e receberam por telefone — a ligação será checada
na investigação — a ordem de ir ao Hospital Central da PM, no Estácio,
buscar um outro policial e deixá-lo no 23º BPM”.
Procurado, o PM Douglas Vital disse que não está autorizado a dar entrevistas.
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