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Segundo a juíza, Cadu, que tem esquizofrenia, está apto a passar para o tratamento ambulatorial |
A Justiça de Goiás decidiu que Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu,
27, assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele,
pode sair da clínica psiquiátrica e voltar para casa de seus pais.
A decisão foi dada anteontem pela juíza Telma Aparecida Alves, da 4ª Vara de Execuções Penais de Goiânia.
Segundo a juíza, Cadu, que tem esquizofrenia, está apto a passar para o
tratamento ambulatorial. Ele passou em junho pela avaliação de uma
junta médica do Tribunal de Justiça de Goiás, que deu parecer favorável à
liberação.
"Mantê-lo internado seria só se sentisse nele certa periculosidade. O
problema é que as pessoas não entendem que ele não foi condenado, foi
absolvido. Ele não pode sofrer pena. Ele é louco", afirma.
"A medida de segurança é só para vigiarmos a questão da periculosidade.
O que o médico diz é que ele está tratado, está tranquilo e não
representa perigo para a sociedade", completa a juíza.
Em abril, Alves já havia afirmado à reportagem que a liberação era "questão de tempo", pois havia respaldo médico.
Considerado inimputável (não pode responder pelos seus atos), Cadu
cumpriu o período mínimo de internação, estipulado pela Justiça do
Paraná em três anos.
O advogado de Cadu, Sérgio Carvalho Filho, disse ontem que ainda não
havia sido comunicado da decisão, mas que seu cliente evoluiu no
tratamento. "Já passou da hora de ele ser liberado. Ele estava ocupando
vagas de pessoas que realmente necessitam."
A família do cartunista Glauco contesta e diz que temer pela segurança.
"Essa avaliação [de que não oferece perigo] é muito subjetiva. Ele
ficou na segurança máxima de Catanduvas, depois em um manicômio no
Paraná. Incrível que em Goiânia ele tenha descoberto a cura", afirma
Alexandre Khuri Miguel, advogado da família das vítimas.
O caso
Glauco e o filho dele, Raoni, foram mortos em Osasco (Grande SP), em
março de 2010. Após ser reconhecido pela mulher de Glauco, testemunha do
ocorrido, Cadu confessou o crime.
Segundo a polícia, ele estaria em surto psicótico, agravado por consumo de drogas.
Cadu conhecia a família por meio da igreja Céu de Maria, fundada por
Glauco e que segue rituais do Santo Daime, como uso de chá alucinógeno.
Declarado inimputável pela Justiça em 2011, ficou num complexo médico
penal no Paraná. No ano seguinte, foi transferido a Goiânia.
Lá, passou por clínicas vinculadas ao Programa de Atenção ao Louco
Infrator, da Secretaria de Saúde de Goiás, conhecido pela posição
antimanicomial.
O rapaz pode ser liberado nos próximos dias, após publicação da
decisão. Segundo a juíza, Cadu deve continuar em contato com psicólogos,
psiquiatras e assistentes sociais ligados ao programa.
"O processo dele vai ficar comigo, e todo mês demanda um relatório com
uma evolução. Se daqui a 30 dias ocorrer um ataque, posso interná-lo
novamente", diz.
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