Ataque químico na Síria matou mais de mil, dizem ativistas; governo nega
O total de vítimas é incerto: Observatório Sírio dos Direitos Humanos fala em 100 mortos; oposição eleva a cifra para mais de mil
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em
Londres, e a oposição síria denunciaram nesta quarta-feira que centenas,
talvez milhares de pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças,
morreram em um suposto ataque químico a várias regiões da periferia de
Damasco, uma acusação que, poucas horas depois, o regime de Bashar
al-Assad fez questão de negar.
O principal grupo de oposição, no entanto, afirma que o
número de mortos é bem maior. Em um comunicado, a Coalizão Nacional
Síria (CNFROS) diz que 1.100 pessoas morreram em vários distritos da
periferia de Damasco. Em uma entrevista coletiva concedida na Turquia, o
dirigente da oposição George Sabra elevou a cifra para 1.300 mortos.
Ele ainda acusou a comunidade internacional de ser conivente com o
massacre nos arredores de Damasco.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que conta com
uma ampla rede de ativistas no país em conflito, assinalou que o
Exército sírio lançou na última madrugada gases tóxicos nas regiões de
Al Guta e Muadamiya al Sham. A cifra inicial obtida pela ONG era de ao
menos 100 mortos e centenas de feridos.
Algumas organizações opositoras, como os Comitês
Populares de Coordenação (LCC), afirmam que os ataques deixaram
"centenas de mártires, além de centenas de feridos, essencialmente
civis, incluindo dezenas de mulheres e crianças, mortos pelo uso de
gases tóxicos por parte do regime criminoso contra as localidades da
Guta Oriental".
Também acusam o regime de ter cometido um "crime indescritível com armas químicas".
Uma enfermeira de um complexo emergencial, Bayan Baker,
disse que o número de mortos, entre os recolhidos a partir de centros
médicos nos subúrbios a leste de Damasco, foi de pelo menos 213.
"Muitas das vítimas são mulheres e crianças. Eles
chegaram com suas pupilas dilatadas, membros frios e espuma na boca. Os
médicos dizem que estes são sintomas típicos de vítimas de gás
nervosos", disse a enfermeira.
Um longo vídeo amador e fotografias apareceram na
internet. Um vídeo supostamente feito no bairro Kafr Batna mostra uma
sala cheia com mais de 90 corpos, muitos deles crianças e algumas
mulheres e homens idosos. A maioria dos corpos pareciam cinzentos ou
pálidos, mas sem ferimentos visíveis. Cerca de uma dúzia estavam
embrulhados em cobertores.
Outras imagens mostram
médicos tratando pessoas em hospitais improvisados. Um vídeo mostra os
corpos de uma dúzia de pessoas deitadas no chão de uma clínica, sem
ferimentos visíveis. O narrador no vídeo disse que eram todos membros de
uma única família. Em um corredor do lado de fora estavam mais cinco
corpos.
O Observatório acrescentou que Al Guta também foi
bombardeada por aviões militares, sendo que estes teriam sido os ataques
aéreos mais intensos na região desde o início do conflito em março de
2011.
O grupo pediu à missão da ONU que investiga o suposto
uso de armas químicas em território sírio visitar os distritos de
Damasco, principalmente os citados. Após vários adiamentos, a equipe
internacional de analistas chegou ao país no último dia 18.
A Coalizão Nacional Síria (CNFROS), a principal aliança
opositora, denunciou que o regime restringe os movimentos da missão da
ONU, o que poderá afetar o resultado do estudo em questão.
Por outro lado, o governo sírio negou o ataque citado,
enquanto a agência de notícias oficial síria Sana, que cita uma "fonte
de informação", qualificou essa notícia como "falsa" e "sem fundamento".
A fonte ainda destacou que os dados divulgados em canais
de televisão como Al Jazeera, Al Arabiya e Sky News, entre outras
emissoras, apoiam o terrorismo e, neste caso, o objetivo é distrair a
missão da ONU e seus trabalhos.
Mais tarde, o Exército sírio negou categoricamente as
acusações da oposição e ativistas. "As alegações de uso de armas
químicas pelo Exército sírio hoje em áreas da província de Damasco são
nulas, vazias e totalmente infundadas", afirmaram as Forças Armadas em
uma declaração liga por um oficial na televisão estatal.
Guerra civil na Síria expulsou 1,8 milhão de pessoas do país |
Com informações das agências AFP, EFE e Reuters
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