sábado, 31 de agosto de 2013

Ministério das Relações Exteriores da Rússia: conferência sobre Síria é imprescindível

Síria, Rússia, EUA, ataque, guerra na SíriaFoi cancelada uma reunião estadunidense-russa sobre a questão síria, marcada para 28 de agosto em Haia. O Departamento de Estado refere à necessidade da parte norte-americana vir a definir a sua reação sobre o uso de armas químicas nos arredores de Damasco. Como se sabe, os EUA atribuem a responsabilidade pelo eventual emprego de armas ao Presidente Bashar Assad. Dito de outra maneira, se o Ocidente iniciar uma operação militar, as consultas sobre a regularização pacífica já não serão necessárias.

A Rússia lamenta o fato do encontro bilateral sobre o assunto tão importante ter sido cancelado. Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores, Guennadi Gatilov, a "elaboração de parâmetros da solução política seria exclusivamente útil precisamente nessa altura em que sobre o país paira ameaça de intervenção militar".
Mas os EUA deram a entender não precisarem de "conselheiros". Já sabem de antemão resposta, procurando ajustar certas condicionantes para a sua realização: ocorreu um ataque químico, a culpa logo se atribui a Bashar Assad. Os analistas têm declinado tal hipótese, os peritos da ONU mal procederam ao estudo da questão, mas os EUA se apressam a assegurar terem provas suficientes para punir o regime sírio, comenta o perito do Instituto Nacional de Pesquisas Estratégicas, Azhdar Kurtov:
"Múltiplos fatos que são, talvez, silenciados no Ocidente, mostram que a provocação planejada com antecedência coincidiu com a visita de peritos da ONU e com a reviravolta na confrontação civil que de delineou na Síria no ano em curso. O fato de as autoridades sírias terem mudado a situação a seu favor e neutralizado os rebeldes armados parece não agradar aos que tinham orquestrado a rebelião, obrigando-os a dar um novo passo. Ao violar o direito internacional, contraindo o bom senso, os EUA decidiram passar ao emprego da força."
Reagindo à ameaça, Damasco se dispõe a repelir a agressão. O Exército sírio está bem treinado e armado, contando com os meios de defesa antiaérea e anti-naval. Por isso, não restam dúvidas de que a resistência será muito eficiente e dura. Por outro lado, Damasco não conseguirá conter a intrusão da coalizão ocidental muito mais forte, confessa o perito Boris Dolgov:
"A coalizão da qual fazem parte os EUA, a Grã-Bretanha, a França e a Turquia é efetivamente mais forte, superando as forças do Exército sírio. Mas este Exército não é idêntico ao da Líbia. No caso de agressão, poderá fazer frente ao adversário condignamente. Além disso, a Síria será apoiada pelo Irã, por movimento Hezbollah e vários agrupamentos palestinos. Assim sendo, a intervenção poderá provocar um conflito de larga escala no Oriente Médio."
E mais tarde, surgirá a pergunta: a que se deve chamar de "vitória"? A futura demissão de Bashar Assad? O desaparecimento de um Estado soberano? Até que ponto tal cenário irá agradar Israel o qual será a primeira vítima de caos e de descalabro regional? Quem irá consolar os pais de um soldado americano morto, trazido à casa num caixão de zinco? No Iraque, ao menos, esteve em disputa o petróleo, mas que motivação irá prometer a Casa Branca e seus aliados pela guerra na Síria?
Neste contexto, Moscou apela a Washington e a todos os membros da comunidade mundial para revelarem um bom senso, respeitando o direito internacional. O MRE da Rússia aponta a necessidade de convocar a conferência Genebra-2 na esperança de os EUA poderem cumprir seus compromissos relativos à preparação desse fórum.

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