OAB entrega à CCJ proposta de reforma política que acaba com o 'efeito Tiririca'
Eleitor passaria
a votar em dois turnos, no partido e depois no candidato; medida evita
que a votação de um parlamentar ajude a eleger outros
A
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento de Combate à
Corrupção Eleitoral (MCCE) entregaram nesta terça-feira, 13, na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados o projeto de
iniciativa popular para reforma política. Apesar de ainda estar em
processo de coleta de assinaturas, as entidades resolveram antecipar a
entrega da proposta a fim de aprovar uma nova legislação válida para as
eleições de 2014.
O
projeto das entidades civis foi assinado pelo presidente da CCJ, Décio
Lima (PT/SC), que encaminhou a proposta para a Mesa da Câmara com o
objetivo de acelerar o trâmite do processo. O presidente da OAB, Marcos
Vinícius Furtado, disse que após a pesquisa mostrando que a população
apoia majoritariamente a reforma para o próximo ano, não se pode admitir
o discurso de que "não há tempo" para aprová-la. "A lei da Ficha Limpa
foi aprovada em 48 horas. Por que não na reforma política?", questionou.
A
proposta encaminhada pela OAB proíbe a doação empresarial para
campanhas políticas e permite a doação individual (com teto de R$ 700).
Pelo texto, o sistema proporcional é mantido e o eleitor passa a votar
em dois turnos: no partido e depois no candidato a um cargo no
parlamento. Segundo o juiz Marlon Reis, do MCCE, o projeto acaba com o
"efeito Tiririca", onde a votação de um parlamentar ajuda a eleger
outros parlamentares, como aconteceu com o deputado federal Tiririca
(PR/SP) no último pleito.
A
proposta das entidades é considerada simples por não exigir mudanças em
normas constitucionais. "Uns dizem que há 20 anos a reforma política
está encalacrada. Vamos quebrar essa barreira", defendeu Reis. Durante a
entrega do projeto na CCJ, os membros da comissão demonstraram apoio ao
projeto, reclamaram que mesmo após as manifestações de junho a Casa não
entrou no "clima" da reforma política (apesar de ter criado um grupo
para discutir o assunto) e disseram que o texto da OAB representa a
"alforria dos parlamentares em relação aos financiadores de campanha".
"Nós
chegamos ao fundo do poço do atual sistema eleitoral", disse o líder do
DEM, Ronaldo Caiado (GO). O vice-líder do governo, Henrique Fontana
(PT/RS), que conduziu o último projeto que tramitou na Câmara, disse que
o Parlamento deve se sintonizar com o sentimento da população. Para o
petista, a Câmara não precisa de mais um grupo de trabalho para estudar
ideias de reforma, mas de "um grupo para votar a reforma".
Ele
ainda sugeriu que o projeto da OAB seja apreciado pela CCJ até meados
de setembro, o que possibilitaria uma aprovação até outubro (prazo
limite para que o texto aprovado tenha validade já em 2014).
Independentemente do início da tramitação, as entidades manterão a
coleta de assinaturas para demonstrar "o apoio da sociedade". Haverá
também um ato pela reforma no dia 26 de agosto no Largo São Francisco,
em São Paulo. Segundo a OAB, o local foi escolhido por ser o mesmo onde
começou o movimento pelas Diretas Já.
estadao
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