quarta-feira, 3 de julho de 2013

Presidente Mursi é vítima de um golpe de Estado, diz assessor

Folhapress
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O assessor de segurança nacional do Egito, Essam el-Haddad, disse nesta quarta-feira (3) que acontece um golpe militar contra o presidente Mohamed Mursi. O mandatário foi levado por motivos de segurança ao Ministério da Defesa, após a frente do palácio presidencial ser ocupada por manifestantes.
Reuters
Manifestantes contra o presidente egípcio, Mohamed Mursi, na Praça Tahrir, em vista aérea do Cairo
Mursi e outros membros da Irmandade Muçulmana, grupo ao qual é filiado, foram proibidos de viajar. As ações são as primeiras após o fim do ultimato das Forças Armadas para tentar dar fim à crise política provocada pelos protestos contra o mandatário, que completou um ano no cargo no domingo (30).
Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 39 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas nos últimos três dias nos atos. Hoje, os militares se reuniram com os opositores e com líderes religiosos, em um evento que foi boicotado pelos aliados do governo.
Para o assessor, há expectativa de que o Exército e a polícia usem a violência para dispersar os manifestantes aliados do mandatário e da Irmandade Muçulmana.
"Neste momento nenhum golpe militar pode ter sucesso, em face do tamanho da força popular, sem um considerável derramamento de sangue", disse o assessor de segurança nacional da presidência, Essam El-Haddad.
Enquanto isso, manifestantes que estão em frente ao palácio presidencial disseram que centenas de soldados egípcios faziam uma parada militar em uma rua próxima ao local. Em Nasr City, onde estão aliados do presidente, há relatos de que tanques de guerra cercam a região.
Os militares deverão fazer um pronunciamento ainda hoje, provavelmente na televisão estatal, que, segundo a Reuters, está cercada por tanques e ficaram apenas os funcionários que fazem transmissões ao vivo. No entanto, outras agências dizem que o prédio ainda está sob controle dos aliados de Mursi.
Resistência
Em nota minutos após o ultimato, a Presidência voltou a propor uma coalizão política, mas culpou a oposição por não aceitar as propostas políticas do governo desde o ano passado. Os opositores boicotaram a iniciativa, afirmando que a ação do presidente era uma fachada para impor as medidas desejadas por ele.
Pouco antes, o porta-voz da Presidência, Ayman Ali, disse que Mursi não irá ceder ante uma quebra democrática. "É melhor para o presidente morrer de pé, como uma árvore, a ser condenado pela história e as gerações futuras por jogar fora as esperanças dos egípcios para estabelecer uma vida democrática".
Mais cedo, o Ministério do Interior havia emitido comunicado se alinhando com o Exército e isolando ainda mais o governo Mursi. Nestes últimos dias, diversos membros de seu gabinete renunciaram, incluindo seu chanceler.
Em entrevista coletiva em Nasr City, o vice-presidente do braço político da Irmandade Muçulmana Essam el-Erian defendeu a legitimidade do governo de Mursi.
Os simpatizantes do governo notam que, por ter sido eleito democraticamente, o islamita deve permanecer no poder e concluir seu mandato. "A vontade do povo foi expressa", diz El-Erian. "Nosso governo é baseado na maioria. Nós somos a revolução, e estamos protegendo a liberdade."

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