O assessor de segurança nacional do Egito, Essam el-Haddad, disse nesta
quarta-feira (3) que acontece um golpe militar contra o presidente
Mohamed Mursi. O mandatário foi levado por motivos de segurança ao
Ministério da Defesa, após a frente do palácio presidencial ser ocupada
por manifestantes.
Reuters |
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Manifestantes contra o presidente egípcio, Mohamed Mursi, na Praça Tahrir, em vista aérea do Cairo |
Mursi e outros membros da Irmandade Muçulmana, grupo ao qual é filiado,
foram proibidos de viajar. As ações são as primeiras após o fim do
ultimato das Forças Armadas para tentar dar fim à crise política
provocada pelos protestos contra o mandatário, que completou um ano no
cargo no domingo (30).
Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 39 pessoas morreram e mais de
mil ficaram feridas nos últimos três dias nos atos. Hoje, os militares
se reuniram com os opositores e com líderes religiosos, em um evento que
foi boicotado pelos aliados do governo.
Para o assessor, há expectativa de que o Exército e a polícia usem a
violência para dispersar os manifestantes aliados do mandatário e da
Irmandade Muçulmana.
"Neste momento nenhum golpe militar pode ter sucesso, em face do
tamanho da força popular, sem um considerável derramamento de sangue",
disse o assessor de segurança nacional da presidência, Essam El-Haddad.
Enquanto isso, manifestantes que estão em frente ao palácio
presidencial disseram que centenas de soldados egípcios faziam uma
parada militar em uma rua próxima ao local. Em Nasr City, onde estão
aliados do presidente, há relatos de que tanques de guerra cercam a
região.
Os militares deverão fazer um pronunciamento ainda hoje, provavelmente
na televisão estatal, que, segundo a Reuters, está cercada por tanques e
ficaram apenas os funcionários que fazem transmissões ao vivo. No
entanto, outras agências dizem que o prédio ainda está sob controle dos
aliados de Mursi.
Resistência
Em nota minutos após o ultimato, a Presidência voltou a propor uma
coalizão política, mas culpou a oposição por não aceitar as propostas
políticas do governo desde o ano passado. Os opositores boicotaram a
iniciativa, afirmando que a ação do presidente era uma fachada para
impor as medidas desejadas por ele.
Pouco antes, o porta-voz da Presidência, Ayman Ali, disse que Mursi não
irá ceder ante uma quebra democrática. "É melhor para o presidente
morrer de pé, como uma árvore, a ser condenado pela história e as
gerações futuras por jogar fora as esperanças dos egípcios para
estabelecer uma vida democrática".
Mais cedo, o Ministério do Interior havia emitido comunicado se
alinhando com o Exército e isolando ainda mais o governo Mursi. Nestes
últimos dias, diversos membros de seu gabinete renunciaram, incluindo
seu chanceler.
Em entrevista coletiva em Nasr City, o vice-presidente do braço
político da Irmandade Muçulmana Essam el-Erian defendeu a legitimidade
do governo de Mursi.
Os simpatizantes do governo notam que, por ter sido eleito
democraticamente, o islamita deve permanecer no poder e concluir seu
mandato. "A vontade do povo foi expressa", diz El-Erian. "Nosso governo é
baseado na maioria. Nós somos a revolução, e estamos protegendo a
liberdade."
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