sábado, 21 de janeiro de 2012

ERRO DE EXECUÇÃO




MORTE DE REFÉM. Inquérito aponta “erro de execução”. Corregedor indiciou delegado por matar agricultor durante confronto com bandidos em Gravataí -

O delegado Leonel Carivali foi indiciado ontem pela polícia como autor de “homicídio doloso por erro de execução” ao ter matado, em 21 de dezembro, em Gravataí, o agricultor gaúcho radicado no Paraná Lírio Darcy Persch, vítima de um sequestro. Conforme a conclusão do inquérito, Carivali tentou matar uma pessoa (no caso, um dos sequestradores) e atingiu, com um tiro, outra (o sequestrado).

Corregedor da Polícia Civil, o delegado Paulo Rogério Grillo enviou o inquérito à Justiça de Gravataí. Carivali está sujeito a pena de seis a 20 anos de prisão.

– O erro de execução consiste na intenção do agente em atirar numa determinada pessoa e, por uma fatalidade, acertar em outra pessoa. Lógico que o delegado não teve intenção.

Grillo ponderou que o delegado alegou legítima defesa.

– A análise da legítima defesa fica para o juiz, considerando que as provas não são cristalinas nesse sentido. Há contradição entre o que o delegado Carivali falou e o que testemunhas disseram – disse o corregedor.

Uma contradição apurada pela polícia: o delegado alegou que viu um dos sequestradores sair do carro com uma arma, mas o refém sobrevivente, que estava com os olhos vendados, disse que o criminoso não havia deixado o veículo. Outra contradição: Carivali desferiu três tiros e diz ter ouvido um estampido antes, mas as testemunhas não confirmam disparos anteriores.

Ficou provado que os sequestradores estavam armados e que as armas tinham pólvora. No carro, dois sequestradores estavam nos bancos da frente. O outro estava atrás, com os dois sequestrados.

Ontem, a Justiça autorizou a soltura dos três policiais paranaenses envolvidos em outro incidente. Eles investigavam o sequestro e acabaram matando um PM, confundido com bandido.

Contraponto

O que diz Ricardo Breier, advogado de Leonel Carivali - O indiciamento comprova que o delegado atirou no sequestrador, que estava lhe apontando uma arma. Por um erro de execução, acertou o veículo e, consequentemente, a vítima, que estava no seu interior. Isso afasta completamente a intenção de acertar alguém dentro do veículo, até porque o veículo tinha insufilme. É uma legítima defesa com erro de execução.


Entenda o caso

- Ações confusas e desintegradas das polícias civis paranaense e gaúcha terminaram em dupla tragédia, em Gravataí, no dia 21 de dezembro.

- Os agentes tentavam acabar com o sequestro de dois empresários do Paraná, mantidos em cativeiro no Estado. Ao investigar o caso, dois inocentes acabaram mortos.

- Um sargento da BM, confundido com bandido, foi morto por agentes paranaenses. Em outro ato, policiais civis gaúchos tentaram impedir a fuga dos sequestradores, e um dos reféns acabou morto.

AS VÍTIMAS

- Ariel da Silva, 40 anos – O PM suspeitou de três homens em um carro com placas do Paraná e acabou sendo morto com uma rajada de metralhadora.

- Lírio Persch, 50 anos – Acompanhar um amigo em uma viagem foi fatal para o produtor rural Lírio Persch, 50 anos. Ele foi morto em confronto entre policiais gaúchos e sequestradores.

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