quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Egito declara emergência; mortos são pelo menos 235

Egito declara emergência; mortos são pelo menos 235

O governo do Egito declarou nesta quarta-feira estado de emergência depois de uma onda de violência envolvendo forças de segurança e manifestantes favoráveis ao presidente deposto Mohammed Morsi que ocupavam dois acampamentos na capital do país, Cairo.
As forças de segurança avançaram sobre os acampamentos para retirar os manifestantes. Segundo relatos de testemunhas, gás lacrimogêneo, escavadeiras e munição de verdade foram usados pelas forças de segurança para dispersar os manifestantes.
O estado de emergência entrou em vigor às 16h, hora local (11h, hora de Brasília) e deve durar um mês.
O número de vítimas da onda de violência ainda não está claro. O Ministério da Saúde alega que 235 pessoas morreram e cerca de 1,4 mil ficaram feridas em todo o país, enquanto que a Irmandade Muçulmana, o movimento político ligado a Morsi, diz que apenas em um dos acampamentos, em frente à mesquita Rabaa al-Adawiya, 2,2 mil foram mortos.
Além do Cairo, o Ministério da Saúde diz que 235 pessoas morreram nas províncias de Behira, Beni Suef, Suez e Fayoum. O ministério do Interior afirma que 43 policiais teriam sido mortos.
Entre os mortos estaria a filha de 17 anos de um dos líderes da Irmandade Muçulmana, Mohamed El-Beltagy. Ela teria sido baleada no peito e nas costas. Um cinegrafista do canal de TV britânico Sky News também morreu baleado.
Em outro evento que intensifica a crise política do país, Mohamed ElBaradei - vencedor do prêmio Nobel e de orientação mais moderada - renunciou ao cargo de vice-presidente interino, alegando que havia opções pacíficas para pôr fim ao impasse político entre simpatizantes e opositores da Irmandade Muçulmana.

"Medidas necessárias"

Segundo a TV local, ativistas pró-Morsi foram perseguidos após fugirem para um zoológico próximo e para o campus da Universidade do Cairo.
Testemunhas disseram ter visto ao menos 15 corpos no chão, mas a Irmandade Muçulmana descreveu a intervenção das forças de segurança como um massacre e afirmou que mais de cem pessoas teriam sido mortas.
Ao menos dois membros das forças de segurança estariam entre os mortos, e nove ficaram feridos, segundo as autoridades egípcias.
Apoiadores de Morsi vinham ocupando a praça Nahda e o local em frente à mesquita Rabaa al-Adawiya, no nordeste da cidade, desde a deposição do presidente, em 3 de julho. Eles pedem sua volta ao cargo.
Antes do início da operação, o Ministério do Interior afirmou em um comunicado que as forças de segurança estavam tomando as “medidas necessárias” contra os acampamentos.
O comunicado disse que uma saída segura seria providenciada para os manifestantes e que eles não seriam perseguidos, "exceto aqueles procurados pela Justiça".
O ministério disse ainda que não pretendia "derramar nenhum sangue egípcio".

Mortos e feridos

A TV ligada à Irmandade Muçulmana pediu às pessoas que enviassem carros para os locais dos acampamentos para levar os feridos aos hospitais.
Escavadeiras foram usadas para derrubar muros levantados pelos manifestantes fora da mesquita Rabaa al-Adawiya, segundo o correspondente da BBC James Reynolds.
Mais de 250 pessoas já haviam sido mortas em confrontos com as forças de segurança nas seis semanas desde a deposição de Morsi.
Em entrevista à BBC na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Nabil Fahmy, disse que os acampamentos não poderiam ficar nas ruas por tempo indeterminado.
Ele disse que as autoridades estavam tentando um acordo pelo diálogo. "Se as forças policiais tomarem suas medidas, farão isso de acordo com a lei, com mandado judicial e de acordo com as normas básicas pelas quais essas coisas são feitas”.

Nenhum sinal de Morsi

Morsi, o primeiro presidente democraticamente eleito do Egito, foi removido pelo exército após protestos em massa contra seu governo.
Desde 3 de julho, ele está detido em local secreto, sem que nenhuma foto ou declaração sua tenha sido divulgada.
A eleição presidencial do ano passado ocorreu após os fortes protestos populares que haviam ajudado a derrubar, no começo de 2011, o regime do presidente Hosni Mubarak, que governou o Egito por três décadas.

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