Reconstituições de mortes são realizadas em 3 pontos do Alemão
Óbitos de Eduardo, Elizabeth e Capitão Uanderson são investigados.
Mais de 150 agentes participam da reprodução simulada.
Antes de começarem as reconstituições, o delegado Rivaldo Barbosa afirmou que nenhum culpado será poupado e ressaltou a importância do trabalho conjunto entre as polícia Militar e Civil, o Ministério Público e a Defensoria Pública.
Elizabeth Alves, de 41 anos, morreu ao ser baleada dentro de casa, em março, mesmo mês que Eduardo de Jesus Ferreira foi baleado na rua, na localidade conhecida como areal, segundo a família, por PMs. Já capitão Uanderson Manoel Gomes da Silva, ex-comandante da UPP, morreu em setembro de 2014.
Com as reproduções simuladas, a polícia pretende esclarecer as circunstâncias em que cada uma das vítimas foi baleada.
"Não trabalhamos sobre pessoas. Nós investigamos os fatos. A reprodução simulada é imprescindível para esclarecer o caso. Precisamos estabelecer os locais onde estavam as vítimas, policiais e pessoas que possam ter visto ou ouvido o que aconteceu", disse o delegado Rivaldo Barbosa.
O governador Luiz Fernando Pezão participou de uma reunião com a Defensoria Pública na quinta-feira e ficou acertado que o estado vai indenizar as famílias das vítimas assim que acabarem as investigações.
Família de Eduardo era aguardada
Os pais de Eduardo voltaram ao Rio nesta quarta-feira (15) após cerca de 10 dias de viagem do interior do Piauí, onde o menino de 10 anos foi enterrado. Os parentes foram recebidos no início da noite por agentes da DH, que os levaram para a delegacia, na Barra, onde prestaram depoimento.
José Maria, pai do garoto, disse que a família não vai ficar na casa onde morava no Morro do Alemão durante os dias em que permanecer no Rio.
"Não vamos voltar pra lá. Vamos ficar na casa de um dos meus irmãos que também mora no Rio de Janeiro", contou. Além de José Maria, a mãe, duas irmãs de Eduardo e um sobrinho, foram ao Piauí para o enterro do menino, que aconteceu no dia 6 na cidade de Corrente.
O crime
Eduardo de Jesus Ferreira foi baleado na porta de sua casa e morreu na hora no fim da tarde do dia 2. Terezinha diz ter certeza de que um policial fez o disparo. Os policiais que participaram da operação que culminou com a morte do menino foram afastados das ruas.
Segundo o laudo da perícia, a criança foi atingida por uma bala de “alta energia cinética”, possivelmente disparada de um fuzil. Na ocasião, policiais militares tinham sido atacados por suspeitos e estavam revidando a agressão numa área de mata, conhecida como Areal.
Nesta terça (14), dois PMs que admitiram que deram tiros perto do local onde ele morreu prestaram depoimento. Segundo o advogado Rafael Abreu Calheiros, os PMs reiteraram que atiraram porque foram atacados.
"Aonde eles estavam é chamado 'quadrado do tráfico'. Já teve um policial que foi morto lá", disse o defensor, enfatizando que "numa agressão, houve uma justa reação".
Agentes da Polícia Civil fazem a reconstituição (Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo)
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