Corpo de Antônio Abujamra será velado no Teatro Sérgio Cardoso
Ator e diretor morreu em sua casa nesta terça-feira, em São Paulo.
Ele deixa dois filhos e dois netos. 'Era um gênio', diz sobrinho.
O diretor foi encontrado desacordado e o filho Alexandre chamou os médicos, que atestaram a morte. O sobrinho, João Abujamra, contou que conversou com o tio nesta segunda-feira (27) e afirmou que ele "estava ótimo". João também disse que ele não estava fazendo nenhum tratamento médico.
"Ele era um gênio com quem a gente sempre aprendia. Um tio amado", disse ao G1. Abujamra também era tio das atrizes Clarisse Abujamra e Iara Jamra, do cineasta Samir Abujamra e pai do músico e ator André Abujamra.
Samir lamentou a morte do tio em mensagem no Facebook. "Morreu meu ídolo, meu segundo pai, o homem que me fez ser artista. Tio Tó, Antônio Abujamra".
Segundo nota divulgada pela TV Cultura, emissora em que apresentava o programa Provocações, ele estava dormindo em sua casa.
"É com grande pesar que informamos que hoje, 28/042015, o apresentador de Provocações, Antônio Abujamra, faleceu. Agradecemos o carinho e apoio de todos que tem nos acompanhado ao longo desses 14 anos de programa", diz nota na página do programa no Facebook.
Na TV Globo, Abujamra fez muito sucesso na novela "Que rei sou eu?" (1989) como o vilão Ravengar (veja vídeo abaixo).
Nascido em Ourinhos, em 15 de setembro de 1932, Antônio Abujamra foi um dos primeiros a introduzir os métodos teatrais de Bertolt Brecht e Roger Planchon em palcos brasileiros.
Formou-se em filosofia e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1957. Inicia-se como crítico teatral e faz suas primeiras incursões como ator e diretor no Teatro Universitário, entre 1955 e 1958, nas montagens de “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa; “À Margem da Vida” e “O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams; “A Cantora Careca” e “A Lição”, de Eugène Ionesco; e “Woyzeck”, de Georg Büchner.
Abujamra estreia profissionalmente em 1961, em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker, onde dirige “Raízes”, de Arnold Wesker, e no Teatro Oficina, com “José, do Parto à Sepultura”, de Augusto Boal. “Antígone América”, de Carlos Henrique Escobar, 1962, é a primeira de uma série de montagens que dirige para a produtora Ruth Escobar.
Em 1963, associa-se a Antônio Ghigonetto e Emílio Di Biasi e funda o Grupo Decisão, com a intenção de disseminar o teatro político com base na técnica brechtiana. A primeira produção é “Sorocaba, Senhor”, uma adaptação de “Fuenteovejuna”, de Lope de Vega.
Antônio Abujamra durante programa 'Provocações', na TV Cultura (Foto: Reprodução/TV Cultura)
Em 1965, Abujamra dirige, no Rio de Janeiro, a montagem de “O Berço do
Herói”, de Dias Gomes. A peça foi interditada pela censura no dia do
ensaio geral. Nos anos seguintes, dedica-se ao Teatro Livre, companhia
de Nicette Bruno e Paulo Goulart realizando montagens ambiciosas, como
“Os Últimos”, de Máximo Gorki.Em 1975, dirige Antônio Fagundes no monólogo “Muro de Arrimo”, de Carlos Queiroz Telles, paradoxo entre as duras condições de vida de um operário da construção civil e suas ilusórias expectativas de um futuro brilhante, e recebe o Prêmio Molière, pela direção de “Roda Cor de Roda”, de Leilah Assumpção.
Na primeira metade dos anos 1980, Abujamra se engaja em recuperar o Teatro Brasileiro de Comédia. Entre seus espetáculos mais significativos no TBC estão “Os Órfãos de Jânio”, de Millôr Fernandes, 1981; “Hamletto”, de Giovanni Testori, 1981; “Morte Acidental de um Anarquista”, de Dario Fo, 1982; e “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, 1984. Em 1987, encerrado o projeto do TBC, Abujamra dirige, para a Companhia Estável de Repertório, de Antonio Fagundes, a superprodução “Nostradamus”, de Doc Comparato, grande êxito de bilheteria.
Aos 55 anos, Abujamra inicia sua carreira de ator. Em dois anos, atua em duas telenovelas e três peças e é premiado pelo desempenho no monólogo “O Contrabaixo”, de Patrick Suskind, 1987. Em 1991, recebe o Prêmio Molière pela direção de “Um Certo Hamlet”, espetáculo de estreia da companhia Os Fodidos Privilegiados, fundada por Abujamra para ocupar o Teatro Dulcina, no Rio.
Em depoimento ao jornal 'O Estado de S. Paulo', em 2010, o escritor falou de sua percepção a respeito da vida e da morte. "A essência do meu progresso estava em poder aceitar a minha decadência. Ou seja, progredir até morrer, porque viver é morrer. E não me arrependo de nada."
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