Ministro diz que 56 cidades do Nordeste estão em 'colapso' hídrico
Segundo Gilberto Occhi, da Integração, número pode subir para 100.
Situação de reservatórios no NE e SE é crítica, segundo o governo.
Ao falar especificamente sobre o Nordeste, Occhi disse que há racionamento no fornecimento de energia nos municípios em colapso e em, algumas cidades, a população tem serviço de abastecimento de água a cada 15 dias.
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Inicialmente, ele havia dito que cerca de 100 cidades estavam em
situação de “colapso” hídrico. Questionado sobre os detalhes, o ministro
informou que, na realidade, 56 cidades do Nordeste
estão nessa situação. No entanto, segundo o ministro, o governo está
fazendo um levantamento e o número de cidades em colapso no fornecimento de água pode subir para 105.“Identificamos 56 cidades que hoje estão em colapso, sendo atendidas pelas prefeituras ou pelos governos estaduais. Nenhuma dessas é atendida pelo governo federal, mas como a situação está se ampliando, o governo federal pediu um levantamento e nós podemos chegar, dentro de uma avaliação, ao número de 105 cidades que estão ou poderão estar [em colapso]”, afirmou.
"As chuvas passaram seu período de maior intensidade, temos uma permanente preocupação com região Nordeste, por conta da escassez hídrica", continuou Occhi. Ele afirmou que entre 6,5 mil e 7 mil carros-pipa têm fornecido água para as cidades da região.
Além do ministro, participaram da coletiva a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, e o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastre Naturais, Carlos Nobre. Eles apresentaram à imprensa as conclusões de uma reunião que fizeram mais cedo sobre a situação do abastecimento de água no país após o período chuvoso, de outubro a março.
Reservatórios
Para o governo, a situação nos reservatórios do Nordeste e do Sudeste, mesmo após o período de chuvas, ainda é crítica. A ministra do Meio Ambiente chamou a atenção para a necessidade de a população economizar água.
"As pessoas têm que ter a consciência de que o fato de ter chovido muito, mesmo entrando no período do inverno, ainda há o desafio de recuperar os reservatórios, porque o que choveu não foi suficiente para recuperar os reservatórios", ponderou Izabella Teixeira.
Ela comentou especificamente sobre o nível do sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo.
Segundo ela, o volume de água retirado do Cantareira está em um terço do que é retirado normalmente. Ao ressaltar as "condições atípicas", ela afirmou que mesmo com as chuvas recentes, a recuperação do sistema será parcial.
Ele destacou a “recuperação” de alguns reservatórios, como o do Sistema Cantareira, em São Paulo, mas enfatizou que as vazões médias diárias ainda estão abaixo das médias históricas. Ele ressaltou que o sistema responsável por abastecer a Grande São Paulo, por exemplo, está com – 11% do volume útil (excluindo a reserva técnica, chamada volume morto).
“Com as quantidade de água chegando aos reservatórios, os quadros são de que todos os reservatórios continuam críticos. Ou seja, as medidas que foram adotadas até aqui no controle da redução das vazões dos reservatórios e dos rios devem ser mantidas e acompanhadas para que – dada a imprevisibilidade em relação à chuva – possamos garantir segurança hídrica para as populações”, disse.
Guillo citou ainda a "recuperação significativa" do reservatório de Três Marias (MG), no Rio São Francisco, com as chuvas dos últimos meses, mas disse que o percentual de 20% de água ainda é "muito baixo". O presidente da ANA informou também que a captação de água no rio Paraíba do Sul (RJ), com limite de 250 metros cúbicos por segundo, foi reduzida pela metade, e chegou a 130 metros cúbicos por segundo.
Sudeste
Nobre afirmou na entrevista coletiva que o volume de chuva na última estação chuvosa no Sudeste, entre outubro do ano passado e março deste ano, correspondeu a cerca de 75% da média histórica.
Segundo ele, na primeira parte da estação, de outubro a janeiro, as chuvas ficaram bem abaixo da média. Em fevereiro e março, porém, o índice normalizou.
"O quadro atual é: as chuvas de outubro, período chuvoso, até março, foram em torno de 70% a 75 % dos valores médios históricos, com chuvas dentro da média nos meses de fevereiro e março, e muito abaixo da média de outubro a janeiro", enfatizou.
O diretor do centro de monitoramento destacou que a última estação chuvosa no Sudeste, "ainda que deficiente", foi "muito melhor" do que a do ano passado.
"Muito melhor, ainda que deficiente, do que o período equivalente entre outubro de 2013 e março de 2014, quando choveu cerca de 50% da média. [2014] foi o verão mais seco que há do registro histórico do Sudeste", destacou Nobre.
Plano Nacional de Adaptação
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o governo lançará ainda neste ano o Plano Nacional de Adaptação, voltado para a segurança hídrica, ligado ao Grupo Interministerial de Mudanças do Clima.
“[No plano] nos preocuparemos com a agricultura, fornecimento de energia, oferta de água e abastecimento, irrigação. Então, existe, sim, um trabalho sendo feito pelo governo há dois anos e que não foi preocupado [pela atual seca]", disse a ministra.
Ela afirmou que se reunirá com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, para elaborar uma campanha de uso consciente da água.
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