Endividamento diminuiu em 16 Estados desde 2010. Pará é o menos endividado, aponta levantamento.
Quase 15 anos após a Lei de
Responsabilidade Fiscal e a imposição de tetos para endividamento, a
maioria dos novos governadores que irão assumir em janeiro encontrará um
Estado menos endividado do que há quatro anos. O Pará é o Estado
brasileiro menos endividado segundo o levantamento. Em 2010 a dívida
representava 29% da receita e em 2014 representa apenas 7%.
Levantamento da Folha mostra que, de acordo com a
relação dívida/receita, o endividamento caiu em 16 dos 27 Estados desde
2010. “A coisa melhorou. Está num platô mais suave”, afirmou o
economista e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) Aristides Monteiro Neto.
O aumento das receitas estaduais ao longo da última
década ajuda a explicar esse arrefecimento. Na comparação com o tamanho
dos caixas, a dívida ficou menor.
Os governos também cumpriram a lição de casa. O
pagamento da dívida se tornou quase que “automático”, até por causa da
penalidade rigorosa – quem não paga o que deve à União tem “confiscado” o
dinheiro do Fundo de Participação dos Estados. “Isso já está muito
consolidado na nossa programação”, afirma o secretário da Fazenda do
Paraná, Luiz Eduardo Sebastiani.
Preocupação
Mesmo com esse quadro, o peso da dívida no orçamento ainda é elevado para muitos governadores, que se queixam de um saldo devedor quase “infinito”. “Nossa dívida era de R$ 2 bilhões. Pagamos R$ 3 bi, e devemos R$ 7 bi. É impagável”, afirmou, em evento recente, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL).
De fato, desde o início do atual mandato, o valor
absoluto da dívida dos Estados, somada, cresceu 30% – de R$ 481 bi para
R$ 624 bi.
A situação é mais grave nos casos de São Paulo, Rio
Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas, que têm a maior relação
dívida/receita (uma média de 150%, sendo o limite máximo previsto em lei
de 200%). Nesses casos, o pagamento de juros e encargos, mensalmente,
consome até 8% do orçamento –um pouco menos, por exemplo, do que os
gastos obrigatórios com saúde (que representam 12%).
O custo da dívida já equivale a pouco mais da metade
do que os Estados investem – ou, em alguns casos, como Goiás e Rio
Grande do Sul, mais que todos os investimentos em obras. Por isso, uma
das principais reivindicações dos governadores e candidatos é a revisão
dos indexadores das dívidas com o governo federal, que formam a maior
parte do saldo devedor dos Estados.
Definidos na década de 1990, esses índices são
considerados muito altos para o atual contexto econômico. O governo
federal chegou a propor ao Congresso, em outubro passado, a mudança
dessa taxa de juros, inclusive retroativamente. Mas, no início
deste ano, a Fazenda voltou atrás e negocia a votação com os
congressistas, sem perspectiva de aprovação.
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