terça-feira, 10 de novembro de 2015

Filho de ex-deputado morto nega ter feito pagamento para Eduardo Cunha

Filho de ex-deputado morto nega ter feito pagamento para Eduardo Cunha

Lobista diz que depositou para Cunha a mando do economista Felipe Diniz.
Presidente da Câmara diz supor que depósito seria para quitação de dívida.

Marcelo Cosme * Da TV Globo, em Brasília
O economista Felipe Diniz negou, em depoimento, ter mandado fazer um depósito de 1,3 milhão de francos suíços (US$ 1,3 milhão) em uma conta na Suíça da qual o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é beneficiário. Ele é filho do deputado falecido Fernando Diniz, ex-líder do PMDB na Câmara, e falou à Procuradoria Geral da República (PGR) no último dia 20.
A informação sobre esse depósito foi dada ao Ministério Público Federal pelo lobista João Augusto Henriques, em depoimento. Ele seria ligado ao PMDB, o que o partido nega. Segundo Henriques, a quantia teria sido depositada em cinco transferências.
Henriques disse que não sabia quem era o destinatário do dinheiro e que fez o depósito a mando de Felipe Diniz. Segundo ele, o economista teria fornecido as informações da conta, em um banco suíço.
No depoimento, Diniz afirmou que "nunca" indicou para João Henriques número de conta de Eduardo Cunha, "muito menos na Suíça".
Nesta terça-feira (10), na Câmara dos Deputados, Cunha afirmou que não comentaria o teor do depoimento de Felipe Diniz. "Não estou preocupado com isso", declarou.
Dívida
Em entrevista ao G1 e à TV Globo na última sexta (6), Cunha disse não saber qual é a origem do depósito, mas supunha tratar-se do pagamento de um empréstimo que fez ao ex-deputado Fernando Diniz, morto em 2009, pai de Felipe Diniz.
Ele afirmou que, após a morte do ex-deputado, resolveu não cobrar a dívida e que só soube do depósito um ano depois de o dinheiro aparecer na conta.
"No início ou meio de 2012, o truste [administrador da conta] deve ter me apresentado um balanço e eu fiquei sabendo dos recursos (US$ 1,3 mi). Eu não reconheci o valor. Eu só passei a supor que se tratava do pagamento pelo empréstimo com o depoimento do João Henriques. É uma suposição que o valor é referente ao Fernando Diniz", afirmou o presidente da Câmara.
"Eu dei a ele [Fernando Diniz] cerca de US$ 1 milhão e disse que, quando ele pudesse, que me pagasse, mas que teria que informar o truste. Ele sabia como funcionava. Quando ele morreu, eu entendi que a dívida estava extinta. O Felipe Diniz negou, no depoimento ao Ministério Público, que tenha depositado os valores. Eu tive acesso ao depoimento", disse Cunha na entrevista.
Suspeitas
Investigadores da Operação Lava Jato suspeitam que o dinheiro depositado na conta da qual Cunha é beneficiário é oriundo de corrupção, supostamente desviado de um contrato da Petrobras para a exploração de petróleo em Benin, na África.
Eduardo Cunha afirmou que não conversou com Felipe Diniz sobre o depósito, por temer que isso fosse entendido pelo Ministério Público como uma tentativa de forjar uma versão.
"Não falei até porque poderiam interpretar como combinação de versão, que estaria atrapalhando o processo. Não falei. Até gostaria de conversar com ele sobre isso", declarou Cunha na última sexta.

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