sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Grupo de extermínio com PMs é suspeito de série de mortes no AM

Grupo de extermínio com PMs é suspeito de série de mortes no AM

Entre 15 presos, 12 são policiais; 'matavam por diversão', diz Secretaria.
Série de 34 mortes ocorreu em julho deste ano, em Manaus.

Adneison SeverianoDo G1 AM
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Resultado da operação foi divulgado na Superintendência da PF (Foto: Adneison Severiano/ G1 AM)Resultado da operação foi divulgado na Superintendência da PF (Foto: Adneison Severiano/ G1 AM)
A Operação Alcateia deflagrada na manhã desta sexta-feria (27) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) prendeu 15 pessoas suspeitas de ter participado das mais de 30 mortes que ocorreram em um final de semana, no mês de julho, em Manaus. Entre os presos, 12 são policiais militares (PMs) apontados como membros de grupos de extermínios que atuava na capital. Segundo a investigação, o grupo matava por "diversão" e para obter lucro na revenda de armas e drogas.
Ao grupo, a investigação atribui oito das 34 mortes investigadas pela SSP-AM e Ministério Público Estadual do Amazonas (MPE-AM). Além de 12 PMs, três cidadãos civis foram presos, suspeitos de dar apoio aos crimes do grupo.

Segundo o corregedor geral da SSP-AM, Leandro Almada, as características das mortes apontavam para um grupo de extermínio na capital.

"Havia características da presença de um grupo de extermínio pela sequência geográfica dos crimes, pelo material balístico utilizado e pelo transporte usado nas ações criminosas. No decorrer das investigações, confirmamos que os servidores que tinham acessos a munição do estado estavam nesse grupo. Também temos provas contundentes e irrefutáveis que esses policiais matavam para subtrair armas, drogas e até por diversão", disse.

As investigações apontaram que os PMs matavam tanto aqueles que consideravam criminosos, como pessoas inocentes e que, após a série de morte, continuaram agindo nos meses de agosto, setembro e outubro. Depois de conseguir armas e entorpecentes, o grupo revendia o material para traficantes da capital. Ao todo, são atribuídos 22 atos criminosos ao grupo, sendo 10 homicídios e 12 tentativas de homicídios.
Agentes recolheram caixa no local (Foto: Adneison Severiano/ G1 AM)Agentes recolheram caixa no local (Foto: Adneison Severiano/ G1 AM)
Com dados obtidos na Operação La Muralla, a investigação identificou que parte dos crimes ocorridos em julho também é de autoria de uma facção criminosa. A morte do sargento da PM, Afonso Camacho, foi usada pela faccção como bode expiatório para o assassinato de inimigos e posterior atribuição de crimes aos PMs, segundo a Polícia Federal no Amazonas (PF-AM).

"A facção aproveitou o momento de forma oportunista para acertar as contas com seus desafetos. Eles ainda ordenaram que parentes e aliados comentassem em páginas de jornais na internet que policiais seriam os culpados", disse Marcelo Rezende, superintendente da PF-AM.

Os suspeitos serão indiciados por homicídios e tentativas de homicídios. Os presos serão levados para o presídio policial militar, localizado no bairro Monte das Oliveiras, na Zona Norte de Manaus.

Ainda segundo a corregedoria da SSP-AM, as investigações vão continuar e ainda podem revelar novos crimes atribuídos ao grupo. Ao final do procedimento criminal, será instaurado procedimento administrativo, que pode resultar na expulsão dos PMs da corporação.
'Não há um grande grupo de extermínio'
O secretário de segurança do estado, Sérgio Fontes, disse que a operação, realizada em conjunto com outras instituições, serviu para dar a "resposta" que a sociedade merecia. "Foi um fato de grande repercussão nacional e internacional decorrente de forças negativas e criminosas e de agentes da lei cometendo crimes. Não há um grande grupo de extermínio da PM. Tivemos essas prisões preventivas, mas eles ainda não foram considerados culpados. Não podemos deixar uma pequena quantidade de policiais macular uma esmagadora quantidade de PMs dignos", disse.

De acordo com o secretário, com a desarticulação do grupo de PMs e da liderança da facção criminosa, o número de homicídios deve reduzir em Manaus.
Operação Alcateia
A operação Alcateia contou com 130 policiais, sendo 24 da Força Especial de Resgate e Assalto (Fera), 17 oficiais da PM e 21 policiais federais. As investigações são conduzidas por uma Força Tarefa coordenada pela SSP-AM, sob supervisão da Corregedoria Geral do Sistema de Segurança Pública, com cooperação da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado do Amazonas, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

De acordo com o MP, foram apreendidos cinco carros, uma moto, cinco pistolas  ponto 40, duas pistolas ponto 380, cinco revólveres calibre 38, uma escopeta, uma arma de choque não letal, além de quase 1kg de droga.

Investigação
As investigações da Alcateia são realizadas desde a série de homicídios ocorrida no período de 17 a 20 de julho na capital. Mais de 30 pessoas foram mortas em Manaus. A suspeita é de que as vítimas tenham sido assassinadas por suposto grupo de extermínio. No total, são investigados dez crimes de homicídio e 12 crimes de tentativa de homicídio, todos cometidos a partir do dia 17 de julho.

Os 15 mandados de prisão temporária devem ser cumpridos pelo prazo inicial de 30 dias, e 16 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo juiz Mário Moraes Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri.
As prisões e as investigações da Operação Alcateia se juntam a parte do resultado da Operação La Muralla deflagrada há alguns dias pela PF. Na coletiva realizada no dia 20 de novembro, a Polícia Federal informou que dados obtidos durante as investigações da La Muralla permitem responsabilizar uma facção criminosa que age no estado por alguns dos homicídios cometidos na série de mortes ocorrida em julho.

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