segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O que terá dado errado na pesquisa do IVeiga?




Um dos blogs mais acessados - senão o mais acessado - do Pará, nesta segunda-feira de ressaca eleitoral, é o Bilhetim, do cientista político Edir Veiga, mais recentemente desviado parcialmente para as atividades de pesquisador, através do seu IVeiga, que tem feito aferições nas duas ou três últimas eleições.
Até o presente momento em que se escreve esta postagem, o Bilhetim ainda exibe, no alto de sua página, em destaque, uma alocução em que o professor, em carne e osso, analisa os números que brotaram do levantamento que fez antes das eleições em segundo turno no Pará.
A pesquisa do IVeiga apontava o candidato do PMDB ao governo do Estado, Helder Barbalho, com 56,2% das intenções de voto contra 43,8% do governador Simão Jatene (PSDB), candidato à reeleição. Uma lavada, como se diz, mesmo se for considerada a margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, pela qual o peemedebista ganharia por 54% a 46%.
"Eu diria que a tendência é clara. A tendência é uma vitória folgada para Helder Barbalho na disputa para o governo do Pará", diz lá pelas tantas, em sua percuciente análise, o doutor Edir Veiga, conforme você mesmo pode conferir neste vídeo que está no blog dele, o Bilhetim.
As urnas contrariaram as previsões do professor. Jatene, como se viu, venceu por quase quatro pontos percentuais de diferença, o que pode ser considerado, dadas as condições de temperatura e pressão, que incluem até mesmo a derrota do governador no primeiro turno, "uma vitória folgada sobre seu opositor", contrariando, e muito, as previsões do IVeiga.
Institutos de pesquisa erram. Seus modelos de aferição são matemáticos, mas absolutamente falíveis, porque tratam das imprevisibilidades decorrentes das emoções humanas. Nenhum modelo de aferição estatística do mundo, nenhum, é capaz de prever que um eleitor, a caminho das urnas e decidido a votar no candidato X, mudará seu voto no meio do caminho porque foi assaltado e debitou esse fato à conta do seu preferido inicialmente, daí mudar a opção e escolher o candidato Y.
É por isso que em eleições tão disputadas como as de ontem, como para presidente da República, institutos com vasta experiência e notável estrutura para fazer seus levantamentos, como Ibope e o Datafolha, fugiram da raia e se escusaram de fazer a boca de urna no confronto entre a presidente Dilma Rousseff e seu adversário do PSDB, Aécio Neves.
O IVeiga poderia errar? Claro que sim. Esse erro seria alguma coisa de excepcional? Não.
Mas o IVeiga poderia errar da forma que errou, apontando uma "vitória folgada" de 13 pontos percentuais, enquanto o resultado das urnas apontaram o candidato que seria derrotado vencer o oponente por quase quatro pontos de diferença, que representam 137 mil votos? Aí, meus caros, só o doutor Edir Veiga para analisar e explicar.
Ele fará isso, certamente. É o que se espera. Até mesmo para que todos acreditem não na infalibilidade de pesquisas, que inexiste, mas na possibilidade que elas têm de oferecer cenários aproximados da realidade.
Mas quando os cenários traçados por aferições - sobretudo as eleitorais - estão fora do que se chama por aí de ponto da curva, é justo esperar-se uma percuciente análise, não é? Esperemos a que será oferecida pelo professor Edir Veiga.
Aliás, o doutor fecha sua análise assim: "Finalizamos este conjunto de pesquisas, que esperamos estejam corretadas dentro da margem de erro. Porque a minha equipe acadêmica, a minha equipe que faz pesquisas não conseguiu errar uma pesquisa. Esperamos que tenhamos sido rigorosos e que tenhamos mais uma vez acertado os números. E o IVeiga espera ter sido o instituto que serviu de balizador para o Tribunal Regional Eleitoral, para a sociedade paraense e para a academia que aqui não se rende e não se vende."
Vish!

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