MULHER QUE FILMOU HOMEM AGONIZANDO EM FRENTE A HOSPITAL RECEBEU AMEAÇAS, DIZ FAMÍLIA.
Instituição não recebe pacientes do SUS; vigia morreu após ser levado para outra unidade.
A mulher que filmou o vigia Nelson França agonizando sem atendimento
médico na frente de um hospital na zona leste de São Paulo recebeu
ameaças de funcionários da unidade, caso divulgasse as imagens. A
afirmação foi feita pelo cunhado da vítima, Delcídio de Souza, na tarde
desta segunda-feira (21).
França tinha 48 anos e ficou por cerca de uma hora caído em frente ao
Hospital Santo Expedido gritando por socorro. O local só recebe
pacientes particulares ou de convênio, motivo alegado por um integrante
da equipe de plantão para recusar o atendimento.
O vigia foi socorrido por uma viatura do Corpo de Bombeiros, levado a
outro hospital, onde morreu, na madrugada da última quarta-feira (16). A
autora do vídeo já foi ouvida pelo delegado do 53º Distrito Policial
(Parque do Carmo).
O advogado Ademar Gomes, que representa a família de Nelson, disse que
vai entrar na Justiça e cobrar danos morais e materiais de R$ 1,5 milhão
do Hospital Santo Expedido. Ele também quer que a instituição pague uma
pensão para os três filhos da vítima, até completarem 24 anos, e outra,
vitalícia, para a irmã dele, que é inválida e era dependente do vigia.
Nelson recebia cerca de R$ 2.700 por mês, fazendo bicos como vigia. Na
casa de dois cômodos onde ele morava com a mulher, os três filhos (de
dez, 12 e 14 anos) e a irmã, ainda vivem duas sobrinhas e uma enteada.
O cunhado criticou a postura dos funcionários do hospital.
— Decretaram a morte do Nelson, sentenciaram a morte dele no momento em que negaram atendimento.
Além da polícia, o Conselho Regional de Medicina de SP apura se houve
omissão de socorro. Um laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal)
aponta que França morreu devido a uma embolia pulmonar. A família
desconhecia qualquer problema de saúde dele.
Em nota, o Hospital Santo Expedido disse que abriu apuração interna para
identificar se houve falha de algum profissional e que “não hesitará em
punir com rigor os eventuais envolvidos”. A instituição ainda diz que
nunca deixou de socorrer vítimas sem convênio médico.
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