Ela pode ser a primeira santa carioca
Mais de 2 mil pessoas estiveram presentes esta sexta-feira (18), na Igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, para acompanhar a cerimônia de abertura do processo de beatificação e canonização de Odette Vidal de Oliveira. Conhecida como Odetinha, a menina - que morreu em 1939, aos 9 anos, de meningite e febre tifóide -, pode se transformar na primeira santa da cidade do Rio de Janeiro. Uma espécie de caixão contendo os restos mortais de Odetinha ficará exposto à visitação do público até o próximo domingo (20).Para o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que participou da solenidade, o ato representa um “sinal de fé para a cidade, num ano em que a fé e a juventude estão caminhando juntas”, em referência à Jornada Mundial da Juventude, evento católico que será realizado em julho deste ano.
Dom Orani falou aos presentes na cerimônia sobre as interpretações que as pessoas podem ter diante do processo de beatificação de Odetinha, também conhecida como Serva de Deus.
“Muitas interpretações existem e alguns podem até duvidar a respeito da santidade. Mas não é nada planejado para promover a Arquidiocese do Rio. Simplesmente entendemos que precisamos reconhecer se aquilo que muitas pessoas dizem é verdade. É um processo no qual vamos investigar a vida, virtudes e a fama de santidade de Odetinha e, graças a Deus, temos a facilidade de ter testemunhas vivas que conviveram com ela”, afirmou Dom Orani.
Uma dessas testemunhas citadas por Orani é Maria Cristina, a Tininha, de 82 anos, que se diz melhor amiga de Odetinha na infância.
“Embora tivesse tudo do melhor, ela tinha simplicidade, o que falta para muitas pessoas hoje em dia. Quando criança, ela era um amor como todas as outras, mas a bondade dela chamava atenção”, relatou Tininha.
Bondade esta também ressaltou Maria Helena de Oliveira Araújo, de 89 anos, ex-babá de Odetinha, que trabalhou para a família da Serva de Deus “dos 9 aos 60 e poucos anos”.
“Como eu era muito pobre, ela sempre me dizia para usar as roupas dela, dizendo que eu própria poderia abrir o armário e pegar o que quisesse. Ela sempre foi muito boa e agora está no céu”, afirmou Maria Helena.
O afilhado da mãe de Odetinha, David Azoubel, de 74 anos, que convivia e frequentava a casa da menina, lembrou das idas ao colégio Sion.
“A mãe dela pedia para o motorista nos levar na escola e, antes de chegar à porta, ela pedia para parar o carro e chamava as outras crianças, que não tinham carro e estavam a pé, para embarcar. Ela gostava de ver a felicidade no rosto dos outros. Canonizada ou não, para mim ela é uma santa”, disse Azoubel, que lembrou a escassez de automóveis na época no Brasil, para justificar o ato de bondade.
Com mais de 40 anos de devoção à Odetinha e idas constantes ao cemitério São João Batista – onde o corpo da menina foi enterrado – para pedir proteção à família, a farmacêutica Maria Aparecida Jannuzzi Fonseca, 80 anos, garante que as orações sempre surtiram efeito.
“Quando a minha filha era adolescente e saía de noite, eu rezava um terço inteiro para Odetinha pedindo proteção. Só me sentia mais calma depois da oração. Nunca aconteceu nada de mau com ela”, destacou, muito emocionada, Maria Aparecida.
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