Norte-coreano morre em acidente num país onde quase não circulam carros
Dirigente
agora morto era responsável pelas relações entre o regime de Kim
Jong-un e a Coreia do Sul. Terá direito a funeral de Estado, uma honra
rara.
Um dos mais importantes
dirigentes da Coreia do Norte, Kim Yang--gon, "camarada próximo" do
líder do regime, Kim Jong-un, e "revolucionário consequente", morreu aos
73 anos vítima de "um acidente de automóvel", anunciou ontem a agência
oficial KCNA, sem especificar o local ou a data do acidente.
Desde
a chegada ao poder de Kim Jong-un que Yang-gon vinha sendo visto junto
do líder num número crescente de ocasiões, sendo considerado um dos mais
experientes diplomatas do regime. Foi Yang-gon a negociar, em agosto
último, um acordo entre as duas Coreias, que pôs fim a um período de
tensões crescentes e de provocações norte-coreanas na zona
desmilitarizada entre os dois países. Em outubro de 2014, estivera
também em Seul, como representante de Pyongyang, para a cerimónia de
encerramento dos Jogos Asiáticos.
Atendendo
às fortes medidas de segurança em torno dos dirigentes do regime e ao
escasso tráfego automóvel no país, as circunstâncias da morte de
Yang-gon não deixaram de suscitar dúvidas. Um analista citado pela
Reuters, Andrei Lankov, recordava que Kim Jong--un tem afastado, de
forma violenta, vários dirigentes desde que chegou ao poder em 2011. O
mesmo analista recordou que, em pelo menos três ocasiões, entre 1976 e
2010, a morte de figuras relevantes do regime foi anunciada, dando-se
como causa acidentes de viação.
A
propriedade de um veículo por particulares é ainda mais a exceção do que
a regra na generalidade da Coreia do Norte. Contudo, em Pyongyang, o
número de veículos tem vindo a crescer, ainda que sejam na esmagadora
maioria camiões de mercadorias, alguns táxis, transportes públicos e
militares. Uma reportagem publicada neste mês no The Japan Times referia
que, durante o dia, é possível ver até uma dúzia de carros parados num
semáforo. "À noite, as ruas ficam vazias e a maioria das pessoas
desloca-se a pé, de bicicleta ou transportes públicos", entre os quais
uma rede de metro, lia-se na referida reportagem.
A
KCNA indicou que o enterro de Kim Yang-gon - um dos principais
dirigentes do Partido dos Trabalhadores, no poder em Pyongyang, e
responsável do Departamento da Frente Unida, que trata das questões com a
Coreia do Sul - realiza-se hoje e terá honras de Estado. Este género de
cerimónia é raro na Coreia do Norte e está reservado para a elite do
partido. Em média, Pyongyang realiza um destes funerais por ano, notava
ontem ao North Korea News um especialista no regime, John G. Grisafi.
Este sublinhava que, todavia, o funeral de Kim Yang--gon será o segundo
do género no ano que ora finda. Em novembro, o marechal Ri Ul-sol,
próximo do fundador do regime, Kim Il-sung, e comandante das unidades
responsáveis pela proteção de Kim Il-sung e de seu filho e sucessor, Kim
Jong-il, recebeu idêntica distinção.
Aquele
especialista destaca, na composição dos 80 nomes do comité, o
reaparecimento de um dirigente que não era visto em público desde
outubro, Choe Ryong-hae, que ocupa o quinto lugar na lista, que teria
passado por um processo de "reeducação".
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