Mariana: 94% das famílias atingidas estão em casas alugadas
No dia de Natal (25), o rompimento da barragem de rejeitos da
mineradora Samarco, em Mariana (MG), completa 50 dias e quase todas as
famílias que tiveram suas casas atingidas pela lama já tem nova moradia.
Segundo o secretário adjunto de Desenvolvimento Social de Mariana, João
Paulo Paranhos, 263 famílias já estão em residências temporárias
alugadas pela Samarco.
A realocação das famílias até o dia 24 de dezembro é uma das exigências
feitas pelo Ministério Público à mineradora. Das famílias que estavam
em hotéis do município, 94% já foram para essas casas. Os outros 6%,
segundo Paranhos, ainda permanecem em hotéis, porque não entraram em
acordo com a empresa sobre o imóvel, se recusam a sair por causa de
conflitos familiares ou, ainda, aguardam a construção de imóvel próprio.
A Samarco também deve pagar auxílio financeiro que garanta o saque de
um salário mínimo por mês, mais o valor de uma cesta básica e 20% do
salário mínimo por dependente. Paranhos informou que nem todas as
famílias já receberam o auxílio, mas que ele será pago com valores
retroativos ao dia da tragédia, 5 de novembro.
“O que vai se discutir a partir de agora são as ações de indenização e
reconstrução das comunidades atingidas”, disse Paranhos, explicando que
os problemas emergenciais de ação humanitária estão praticamente
resolvidos.
A Arquidiocese de Mariana também está promovendo ações para manter a
união das famílias das comunidades atingidas pela lama, fundamental para
a busca da reparação dos direitos, segundo o coordenador de Pastoral da
arquidiocese, padre Geraldo Martins Dias. Nesta quarta-feira (23) à
noite, será realizada uma missa e confraternização entre as famílias.
Representantes das dioceses da Bacia do Rio Doce – Mariana,
Itabira/Coronel Fabriciano, Caratinga, Governador Valadares e Colatina -
estiveram reunidos em Mariana, ontem (22), para discutir as ações em
favor das populações dos municípios atingidos nos estados de Minas
Gerais e do Espírito Santo e as ações de recuperação ambiental ao longo
da bacia do Rio Doce.
Segundo o padre Geraldo, as dioceses querem acompanhar a ficha
cadastral dos atingidos para garantir que o cadastro seja pleno e
ninguém fique de fora. Os debates em torno da proposta do código de
mineração e de um marco regulatório para garantia de direitos de
atingidos também são importantes e serão acompanhados pela Igreja, disse
o sacerdote.
O maior acidente ambiental do país deixou 17 pessoas mortas; duas ainda
estão desaparecidas. De acordo com o capitão Thiago Miranda, do Corpo
de Bombeiros de Minas Gerais, as equipes continuam trabalhando na busca
pelos desaparecidos, fazendo varreduras após as chuvas, que ajudam a
revolver a lama.
Nenhum comentário:
Postar um comentário