Criança imigrante diabética morre por insulina jogada no mar
Episódio é mais uma tragédia da crise migratória no Mediterrâneo
A crise migratória no mar Mediterrâneo, que vem causando inúmeras
tragédias na região em 2015, ganhou mais um triste capítulo. Uma menina
síria de apenas 10 anos e que sofria de diabetes morreu durante uma
travessia rumo à Itália porque, antes da partida, os organizadores da
viagem haviam jogado na água a mochila que continha sua insulina.
A história foi descoberta nesta sexta-feira (17), durante um depoimento
do seu pai à Procuradoria de Siracusa, cidade da ilha italiana da
Sicília. Em lágrimas, o homem de 48 anos revelou que tinha tentado
impedir que os traficantes de seres humanos, todos egípcios,
descartassem a mochila, mas em vão, já que eles queriam abrir mais
espaço no barco.
Horas depois do início do trajeto, a criança entrou em coma e faleceu
dentro da embarcação clandestina, que levava outros 320 imigrantes. O
pai então telefonou para um imã, que deu a extrema-unção para a menina.
Em seguida, seu corpo foi atirado no mar.
Formado em economia, o homem fugira com sua família para escapar dos
conflitos na Síria. Sem encontrar uma maneira de chegar à Europa, acabou
se rendendo aos traficantes que atuam no Mediterrâneo.
Após terem conseguido chegar à região central do Egito, eles foram
levados para o litoral e aguardaram sete dias para embarcar. O pai
esperava que a travessia marítima fosse rápida para que sua filha não
tivesse complicações, mas não foi o caso.
A embarcação foi interceptada há alguns dias por um navio mercantil
italiano, que levou os imigrantes em segurança para a Sicília. Agora, o
homem e o restante da família estão se preparando para ir à Alemanha.
Quase diariamente, barcos clandestinos partem da costa africana,
principalmente da cada vez mais instável Líbia, rumo ao sul da Europa. O
principal destino dessas viagens é a Itália, que está a apenas 100 km
por mar do continente.
Frequentemente, essas embarcações afundam em alto mar e causam grandes
tragédias, como a do último dia 18 de abril, que fez cerca de 700
vítimas no Canal da Sicília.
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