Crise financeira do RS fecha hospitais e faz prefeituras entrarem na Justiça
Crise tem deixado pacientes à espera de exames e leitos de internação.
Falta de repasses do governo atingem instituições de todo o estado.
Em Guaíba, na Região Metropolitana, o Hospital Nossa Senhora do Livramento fechou nesta segunda. O convênio com o governo não foi renovado. Desde o início do ano, déficit é de R$ 324 mil.
A direção dispensou todos os 50 funcionários, deixando vários pacientes sem atendimento. "Já não temos coisa nenhuma em Guaíba, agora mais essa aí. Esse aí que o pobre tinha um raio X velho caindo os pedaçõs e ainda não atendem a gente para retirar”, reclamou a aposentada Neli Rodrigues Aquino.
O outro hospital da cidade, o Municipal, está pronto desde janeiro, mas ainda não pode ser aberto para o público. "A vigilância Sanitária já fez uma inspeção lá. Alguns pontos vamos ter que mudar, apesar de a planta ter sido rigorosamente aprovada sempre tem alguma coisa para mudar", justificou o prefeito Henrique Tavares.
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Com suspeita de infarto, o aposentado Gelson Soares Garcia amargava
nesta segunda no pronto atendimento a falta de um hospital pra
internação. "É lamentável o que nós não temos em Guaíba um hospital
para internação", afirmou.Também na Região Metropolitana de Porto Alegre, Canoas acumula R$ 17 milhões de atraso nos repasses do Estado desde o ano passado. Ao todo são realizados mais de 70 mil procedimentos na cidade. Nesta tarde, o município entrou com ação para tentar regularizar os repasses.
No Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, o maior problema é no setor de oncologia, onde são feitas quase mil quimioterapias por mês pelo SUS. Segundo direção do hospital, o Estado deve aproximadamente R$ 2 milhões.
A crise se repete na Zona Sul do estado. Na última sexta (3), o Hospital de Caridade de Canguçu na foi fechado. Também por falta de repasse do Estado: R$ 4,5 milhões. Na tentativa de reabrir o hospital, uma reunião entre a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde e a direção, nesta tarde, decidiu aumentar os valores de diárias de UTI.
No Noroeste, a população protestou para evitar o fechamento do serviço de urgência e emergência do Hospital São Vicente de Paulo, em Três de Maio. Segundo a direção, o hospital acumula quase R$ 3 milhões em dívidas e o estado deve o mesmo valor, atrasados desde 2013.
Em Erechim, no Norte do estado, o único hospital que atende pelo SUS deixou de fazer atendimentos eletivos, que são agendados. A partir de quarta-feira (8), o hospital não vai receber novos pacientes. A dívida chega a R$ 16 milhões.
"Nós fazíamos cerca de 1,5 mil consultas por mês e essas consultas geravam em torno de 400 cirurgias por mês. Em abril, esse número já caiu de 1,5 mil para 900, em maio para 450 e em junho já não fizemos nenhuma porque realmente temos dificuldade por causa da falta de repasse aos serviços médicos e aos nossos fornecedores", explicou o diretor administrativo, Rafael Ayub.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informa que ainda não tomou conhecimento da ação judicial movida pela prefeitura de Canoas e que acompanha com atenção a situação relatada pelos hospitais gaúchos.
Segundo a pasta, este foi o primeiro mês em que o governo do Estado não teve condições de pagar em dia os recursos destinados a hospitais. Neste ano, segundo o governo do Estado, já foram repassados R$ 922 milhões aos hospitais, entre recursos estaduais e federais.
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