terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sindicato de pescadores anuncia fim do bloqueio marítimo em Itajaí

Sindicato de pescadores anuncia fim do bloqueio marítimo em Itajaí

Movimento decidiu acabar com greve após carta do Ministério da Pesca.
Protesto durou 30 horas e impediu saída de cruzeiro com 1,8 mil turistas.

Do G1 SC
Barcos de manifestantes liberaram o Rio Itajaí-Açu (Foto: Natan Messias/RBS TV)Pescadores retiraram seus barcos e liberaram travessia do Rio Itajaí-Açu (Foto: Natan Messias/RBS TV)
O pescadores que faziam um bloqueio no rio Itajaí-Açu, em Santa Catarina, anunciaram o fim do protesto às 15h30 desta terça-feira (6). Segundo o Sindicato dos Armadores e Indústria da Pesca (Sindipi), das 250 embarcações que participaram do bloqueio, apenas 20 permaneciam no local às 16h. Um navio de cruzeiro, com 2,4 mil pessoas – sendo 1.877 turistas – continuava atracado no Píer Turístico de Itajaí à espera de liberação para seguir viagem até Montevideo, no Uruguai. Segundo a praticagem do Complexo Portuário, o horário previsto de saída do navio Empress é 18h15. Às 18h45, dois navios cargueiros irão atracar.
Os pescadores decidiram por fim ao movimento após receberem uma carta do governo federal que se comprometeu a incluir o setor pesqueiro regional no debate da portaria número 445 de 17 de dezembro de 2014, que restringe a captura de diversas espécies ameaçadas de extinção. Uma reunião com representantes do setor na região e dos ministérios do Meio Ambiente e da Pesca foi marcada para a próxima quinta-feira (8) em Brasília.
Carta anuncia reunião entre pescadores e ministérios envolvidos (Foto: Reprodução/Sindipi)Carta anuncia reunião entre pescadores e ministérios
(Foto: Reprodução/Sindipi)
O bloqueio do rio começou na manhã de segunda-feira (5) e durou mais de 30 horas. O protesto teve início com cerca de 30 barcos, mas chegou a reunir mais de 250 embarcações na tarde desta terça, de acordo com o Sindipi. Os pescadores pediam a revogação da portaria que, segundo a categoria, prejudicaria a atividade do setor que emprega cerca de 60 mil pessoas em Santa Catarina, das quais 40 mil são da região de Itajaí.
Por causa do protesto, o transatlântico Empress, da Pullmantur, que chegou na cidade na manhã de segunda, ficou sem conseguir sair até a tarde desta terça – totalizando mais de 24 horas atracado no Píer Turístico da cidade.
Usuários ficaram ao menos 1h parados sobre os ferrys boats (Foto: Natan Messias/RBS TV)Usuários ficaram ao menos 1h parados sobre os ferrys boats (Foto: Natan Messias/RBS TV)
Os manifestantes também bloquearam o transporte de carros e pessoas entre Itajaí e Navegantes, pelo rio Itajaí-Açu. Nesta terça, o ferry boat teve a passagem bloqueada duas vezes – pela manhã e tarde – e teve a travessia autorizada às 15h30, depois de uma hora de bloqueio total. A Capitania dos Portos pediu auxílio à Polícia Militar (PM) para tentar garantir a passagem do transporte do coletivo. A Marinha, de acordo com a RBS TV, auxiliou na dispersão dos barcos para o funcionamento.
A carta que motivou o fim da paralisação foi assinado pelo Ministro da Pesca e Aquicultura, Helder Barbalho. O ofício foi uma resposta a um documento encaminhado pelo Sindipi e Sintrapesca que deu condicionantes para a liberação do canal do porto de Itajaí. Barbalho afirma que o Ministério da Pesca e o Ministério do Meio Ambiente receberão cinco representantes do setor para discutir os itens da portaria, que proíbe a pesca de espécies como garoupa, namorado, cação, emplasto e arraia, considerados em extinção.
Entenda o caso
O bloqueio começou às 9h de segunda-feira, quando cerca de 220 barcos bloquearam o rio reivindicando a revogação da portaria do governo federal. Na noite do mesmo dia, a Justiça concedeu liminar exigindo a retirada das embarcações.
Barcos impedem passagem do rio Itajaí-Açu (Foto: Marcello Sokal/Divulgação)Barcos enfileirados para impedir a passagem do rio Itajaí-Açu (Foto: Marcello Sokal/Divulgação)
Pouco antes, os ministérios da Aquicultura e Pesca e do Meio Ambiente instituíram um grupo de trabalho, para reavaliar a portaria. Ainda assim, os pescadores decidiram continuar o protesto. Apesar dos sindicatos que lideravam a manifestação terem decidido por acatar a decisão da Justiça, ela foi negada pelos pescadores, que mantiveram o bloqueio.
Segundo a Capitania dos Portos, o movimento cresceu devido à ação independente de alguns pescadores. Diante da falta de um acordo, as autoridades marítimas da região chegaram a se reunir para definir uma estratégia de retirada dos barcos.
A primeira interdição total do rio Itajaí-Açu ocorreu das 9h às 9h30 desta terça. Após negociação com os manifestantes, a Marinha conseguiu a liberação para que duas das quatro embarcações utilizadas no ferry boat da região continuassem operando durante o dia. Às 14h30, os manifestantes voltaram atrás e realizaram novamente a interdição total dos ferry boats.
PM foi chamada para auxiliar no caso dos ferry boats (Foto: Luiz Souza/RBS TV)Pela manhã, PM foi chamada para garantir travessia
de ferry boats (Foto: Luiz Souza/RBS TV)
A Polícia Militar fez o patrulhamento ostensivo em terra, nas duas margens do rio, e a Marinha atuou com dois barcos no mar para negociar com os manifestantes, que iniciaram a liberação por volta das 15h30 desta terça.
Cruzeiro
Durante o protesto, os mais de 1,8 mil turistas e cerca de 600 tripulantes que estavam no transatlântico Empress não puderam deixar a embarcação. A alfândega não permitiu que eles saíssem do navio porque o embarque já havia sido realizado.
O cruzeiro é operado pela empresa Pullmantur e deveria ter deixado Santa Catarina às 16h30 de segunda-feira em direção ao Uruguai. O navio foi impedido de navegar por vários barcos de pesca que se posicionaram para formar uma barreira.
Segundo o Complexo Portuário de Itajaí, a saída do transatlântico está confirmada para as 18h15 desta terça-feira. Das seis embarcações que deveriam ter passado pelo porto nesta terça, três delas já foram reagendadas para a manhã desta quarta-feira (7).
Transatlântico não tem previsão de sair do porto de Itajaí (Foto: Luiz Souza/RBS TV)Alfândega impediu passageiros do transatlântico bloqueado de saírem do navio (Foto: Luiz Souza/RBS TV)
O transatlântico, com 211 metros de comprimento e 31 de largura, saiu de Santos no dia 29 de dezembro e tem como próximo destino a cidade de Montevidéu, no Uruguai. Segundo a superintendência do Porto de Itajaí, a maioria dos passageiros é de Santa Catarina e São Paulo.
A Pullmantur afirmou que tinha funcionários durante toda a madrugada no píer tentando resolver a situação e que prestou todo o atendimento necessário aos passageiros. Disse ainda que "reavaliará o itinerário inicialmente proposto assim que tiver um posicionamento oficial quanto ao horário de liberação do navio".
Alguns passageiros ouvidos pelo G1 afirmaram que, apesar do problema, o clima era de tranquilidade dentro do navio. Segundo a operadora de turismo, como o navio estava pronto para seguir viagem pela Bacia do Prata, estava bem abastecido.

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