domingo, 3 de novembro de 2013

Presidência francesa realiza reunião de crise após assassinato de jornalistas
(AFP)  
Paris — A presidência francesa realizou uma reunião de emergência na manhã deste domingo a fim de tentar estabelecer as circunstâncias do assassinato de dois jornalistas franceses sequestrados e mortos sábado em Kidal, no norte do Mali.
Os ministros das Relações Exteriores e da Justiça, Laurent Fabius e Christiane Taubira, e um representante da Defesa e da Inteligência participaram da reunião de crise presidida por François Hollande e convocada após os assassinatos de jornalistas da Radio France Internacional (RFI).
Ghislaine Dupont, de 57 anos, e Claude Verlon, 55 anos, jornalista e técnico de reportagem acostumados a missões difíceis, foram sequestrados à tarde por homens armados diante da residência de Ambéry Ag Rhissa, um representante do Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (PMNLA, rebelião tuareg), a quem haviam entrevistado pouco antes.
Seus corpos foram encontrados menos de duas horas depois por uma patrulha francesa alertada do sequestro, cerca de 12 km a leste de Kidal.
Segundo o chanceler francês, os dois jornalistas foram mortos a tiros. "Os dois foram assassinados friamente. Um recebeu duas balas, o outro três balas", declarou durante a reunião de crise.
O ministro garantiu que a segurança na região será reforçada.
Expressando sua indignação com este "ato hediondo", o presidente Hollande anunciou no sábado esta reunião "para determinar precisamente, em conjunto com as autoridades do Mali e as forças da ONU, as circunstâncias desses assassinatos".
Hollande e o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, mantiveram uma conversa por telefone na qual afirmaram sua determinação de prosseguir com o "combate comum contra o terrorismo".
As questões em torno das mortes ainda não foram esclarecidas. Segundo Ambéry Ag Rhissa, os sequestradores falavam tamachek, a língua dos tuaregues.
Kidal, localizada a mais de 1.500 km de Bamako, é o berço da comunidade tuareg e do MNLA, que condenou sábado à noite as mortes e prometeu "todos os esforços para identificar os culpados".
Sobre as razões para esses assassinatos, a imprensa francesa evocava neste domingo a hipótese de uma disputa financeira relativa ao resgate pago - 20 milhões segundo algumas fontes - para a libertação de quatro reféns franceses detidos pela Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) por mais de três anos no Sahel, e que retornaram para a França na quarta-feira.
Desde então, Paris reitera que a França não paga o resgate de reféns, mas sem explicitamente excluir que o dinheiro privado pode ser pago.
O Exército francês intervém desde janeiro no Mali, de onde expulsou os grupos islamitas armados que ocupavam o norte do país.
França, Mali e a Minusma, a força de paz da ONU no Mali, colocaram em andamento uma operação conjunta no país há uma semana para evitar um ressurgimento dos movimentos terroristas.
À espera de respostas, as reações de comoção e indignação se multiplicam desde sábado.
O Conselho de Segurança da ONU "condenou energicamente" o sequestro e assassinato dos jornalistas em um comunicado divulgado sábado à noite.
Os membros do conselho expressaram "condolências às famílias das vítimas" e ao governo francês, ressaltando que "em consonância com o direito humanitário internacional, os jornalistas e profissionais da área médica que realizam missões em zonas perigosas de conflito armado devem ser considerados civis e ser protegidos e respeitados como tais".

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