Quem entra na chuva é pra se molhar.
E quando o que entrou na chuva fica molhado, torna-se mais fácil, para todo mundo, saber que o cara não titubeia, um minuto sequer, em atirar-se de cabeça no molhado, desde que isso atenda a alguns interesses de ocasião.
Gente - da política e fora dela - está certa de que o prefeito cassado de Marabá, João Salame (PMDB), é o cara.
É o cara que entrou na chuva pra se molhar. E agora, que se atirou de cabeça no molhado, ficará marcado pelas suas disposições e seus ânimos.
No caso, sua disposição revelou-se em gravar os outros. E o ânimo foi o de enredar personagens em suspeitas de toda ordem.
Salame é o dono do gravador que colheu do boquirroto ex-prefeito de Marituba, Antônio Armando (PSDB), acusações a rodo - e principalmente a esmo - envolvendo integrantes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Antônio Armando, conhecendo talvez de cor e salteado os crimes - ou pelo menos alguns deles - capitulados no Código Penal, já está dizendo por aí que a voz acusatória não é dele.
É dele, sim. A menos que o sertão vire mar e o mar vire sertão. A menos que perícias técnicas deixam de comprovar o óbvio, que ulula de forma sonante.
Salame, o cara que resolveu gravar o boquirroto, talvez esteja adotando aquele posição olímpica de estar acima do bem e do mal. Muito provavelmente, está posando como aquele que deu uma digna contribuição para a assepsia em todas as esferas, inclusive o Judiciário.
Então, tá.
Está claro, claríssimo, que o cassado prefeito de Marabá resolveu entrar de cabeça nessa estratégia apenas para atirar farofa (mas vocês podem também substituir farofa por qualquer tipo de excremento) no ventilador do TRE, deixando a Corte na condição de algoz e ele, Salame, na condição de perseguido e injustiçado.
Pois é.
Mas o fato é que, livrando-se ou não o prefeito cassado de Marabá da cassação que lhe foi imposta pelo TRE do Pará, daqui para a frente dificilmente ele será um interlocutor confiável para quem quer que seja, sobretudo e principalmente quando as questões discutidas entre ele e os outros forem de natureza política.
Os interlocutores de João Salame, daqui para a frente, passarão a vê-lo como o cara que uma vez entrou na chuva pra se molhar, para o que desse e viesse.
E fez isso escondendo um gravador e gravando o interlocutor. Sem este saber, evidentemente, que estava sendo gravado.
Daqui para a frente, os interlocutores de João Salame, por medida de cautela, só conversarão com ele em piscinas.
Até que entre em circulação no mercado, evidentemente, algum dispositivo de gravação de áudio que seja à prova d'água.
Enquanto o invento não se fizer, João Salame será o cara que, quando entra na chuva, é pra se molhar.
Com gravador e tudo.
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