No
primeiro encontro entre as duas legendas, governador de Pernambuco e
provável candidato à Presidência afirma que aliança vai permitir 'vencer
o debate de 2014'
Nilton Fukuda/Estadão
"Eduardo Campos e Marina Silva durante o encontro, em São Paulo"
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Para uma plateia de 150 militantes dos dois partidos, Campos recorreu a frases que em muito lembram o discurso da nova aliada. Adiantou que o compromisso do PSB-Rede "não é ganhar a qualquer preço" e, num recado aos adversários, disse que os partidos saíram vitoriosos em 2013. "Nós ganhamos 2013. Na medida que muitos pensavam que iam nos aniquilar, nós ganhamos o jogo. Esse processo que hoje estamos inaugurando vai nos permitir vencer o debate de 2014, e mais que vencer o debate, espero que tenhamos as condições de fazer o povo brasileiro vencer em 2015", disse Campos, provável candidato à Presidência.
O encontro desta segunda será o primeiro de uma série de eventos com o objetivo de construir um programa de governo para a eleição presidencial de 2014. Marina destacou que este é o momento de traçar um "mapa do caminho". A ideia do evento é fazer um documento com uma visão geral que irá, posteriormente, se desdobrar em diretrizes programáticas. "Nós vamos iniciar aqui uma jornada, vamos fazer o mapa do caminho, para que tenhamos uma aliança, com altura e profundidade, do desafio que está posto", afirmou.
As falas de Campos e Marina destacaram os três eixos que irão pautar a discussão: a preservação de conquistas econômicas e sociais, a necessidade de novas práticas na política e de um olhar mais atento ao desenvolvimento sustentável. Os cerca de 150 participantes serão divididos em grupos para debater essas ideias.
A ex-ministra defendeu que os avanços do País não podem ser "fulanizados", por mais que a estabilidade econômica tenha sido alcançada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e os avanços na área social sejam fruto das iniciativas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Esses ganhos já não podem mais ser fulanizados, para evitar uma institucionalização predatória das conquistas da sociedade."
Na mesma linha, Campos afirmou que é preciso agir porque, segundo ele, as conquistas dos governos anteriores correm o risco de serem perdidas. Para o governador, chegou o momento de iniciar um novo ciclo e colocar em prática a nova política reclamada nas ruas pela população.
"[Nós temos o] Compromisso em preservar as conquistas que o Brasil fez. Temos clareza que não podemos jogar fora as conquistas que tivemos e destacamos isso porque temos a clara percepção de que se não cuidarmos dessas conquistas e se não tivermos uma ação estratégica, essas conquistas correm risco", afirmou.
Diferenças. Ciente das diferenças ideológicas entre as duas legendas, Marina pediu para que o grupo fizesse, durante o evento, "o exercício da escuta interessada". "Só é possível estabelecer a troca na diferença", afirmou.
Apoiadores da Rede chegaram a deixar o projeto depois da filiação de Marina ao PSB, em 5 de outubro. Do outro lado, socialistas reclamam das dificuldades de colocar em prática projetos que já estavam em curso antes da aliança da Rede.
"Vamos criar espaço de heteroestima. Não vamos desconstruir as trajetórias de ninguém. A de vocês de 70 anos, a nossa de 7 meses. Vamos criar, nesse espaço entre nós, a ideia de uma nova política", disse Marina.
Apesar das divergências, Campos fez questão de afirmar que os que torcem contra o sucesso da aliança irão se decepcionar. "Se acham que vão me jogar contra a Marina, ou a Marina contra mim, ou que militantes vão disputar, estão completamente errados. Não estamos nesse jogo", disse.
Segundo ele, se Marina quisesse ter um partido para ser candidata, ela não teria entrado no PSB, assim como se o PSB quisesse ter apenas uma opção de candidato, não teria feito o acordo com a Rede.
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