Jornal do Brasil
O indiciamento de mais 15 policiais militares no caso da tortura e desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, coloca definitivamente na berlinda o projeto de Unidades de Polícia Pacificadora em comunidades do Rio. No total, 25 PMs são acusados no caso, entre eles o próprio ex-comandante da UPP, major Edson Santos.Os crimes incluem tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual. Depoimentos indicam que Amarildo sofreu choques, asfixia e afogamento. Apurações apontam que o local do crime foi meticulosamente limpo, e telefonemas estrategicamente forjados para tentar desviar os rumos das investigações. Tudo isso envolvendo 25 policiais de uma unidade que deveria estar no local para restabelecer a ordem e a segurança.Como fica o projeto após este escândalo vir à tona numa das principais e mais emblemáticas favelas do Rio? Que tipo de relação a cúpula da Segurança no governo espera que os moradores da Rocinha tenham com PMs? De respeito? De reconhecimento da autoridade? Como fica a imagem da bandeira hasteada no topo da favela, simbolizando que naquele local o estado está presente e atuante?
É preciso repensar urgentemente as UPPs, que na sua essência trazem princípios importantes, mas na prática se mostram muito distantes de uma política verdadeiramente pacificadora. Se uma guinada radical e profunda não for dada agora, o projeto, que prometia novos tempos para o Rio, ameaça naufragar assim como já aconteceu com a própria popularidade do governador do Estado.
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