terça-feira, 18 de junho de 2013

Ato em apoio a protestos no Brasil reúne 2 mil pessoas em Londres

Ato em apoio a protestos no Brasil reúne 2 mil pessoas em Londres

Cerca de 2 mil manifestantes se reuniram nesta terça-feira (18) com cartazes e bandeiras do Brasil em uma praça próxima ao Big Ben, símbolo de Londres, com forma de declarar seus apoio aos protestos que vêm tomando conta das principais cidades brasileiras. A maioria é formada por brasileiros que estão morando na Inglaterra, mas alguns turistas se juntaram ao encontro.
Como ocorre no Brasil, a manifestação não tem um objetivo único. Os gritos de guerra, acompanhados de batuques, variam entre a necessidade da melhora do transporte público, investimentos em educação e saúde, o combate à corrupção e a urgência de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos aos brasileiros. "O gigante acordou!", frase que vem sendo usada para resumir os inesperados protestos brasileiros, era uma das mais pintadas nos cartazes.
Um dos principais pontos ressaltados é a comparação entre a excelência do metrô londrino, o mais famoso do mundo, com as poucas linhas disponíveis em SP. “Agora [que moramos aqui] nós sabemos o que é transporte de qualidade”, dizem alguns cartazes com o símbolo do “Underground” de Londres.
Luiz Paulo Vital Bueno e Leonel Rodrigues Lopes Júnior, ambos de 25 anos, que são alunos de mestrado na capital inglesa, tiveram a ideia de fazer uma faixa explicando com números porque o transporte público em São Paulo é insuficiente: “Londres, 8,17 milhões de habitantes, 402 Km de linhas de metrô. São Paulo, 11,32 milhões de habitantes, 60 Km de linhas de metrô”.
Vitor Paiva, estudante de relações internacionais e política carrega cartaz gigante detalhando os investimentos para a preparação para os eventos esportivos no país (Foto: Maeli Prado/Especial para o G1)
“Tivemos essa ideia ontem, na academia, já que o transporte foi o estopim dos protestos no Brasil. Essa comparação sintetiza tudo, o choque de mundos. Aqui, o preço do metrô é mais alto, mas o sistema funciona, e te leva em qualquer lugar”, disse Luiz.
Vitor Paiva, estudante de relações internacionais e
política carrega cartaz gigante detalhando os
investimentos para a preparação para os eventos
esportivos no país (Foto: Maeli Prado/Especial para
o G1)
Muitos participantes também foram levados à praça pelas imagens dos feridos pela polícia nos protestos no Brasil na semana passada - a recepcionista Dayana de Paula, 31 anos, e a barista Renata Brito, 25 anos, que estão há nove e cinco anos em Londres, respectivamente, fizeram questão de tirar fotos abraçadas com um policial britânico.
“Aqui eu nunca fui incomodada nem ofendida pela polícia. Se fosse no Brasil, em uma situação como essa, a gente não poderia nem chegar perto deles”, comparou Daiana. “Vim aqui para dizer que um protesto pacífico não pode gerar violência”.
Menos copa, mais educação
Alguns dos principais “coros” puxados pelos manifestantes também falavam sobre a necessidade de mais investimentos em escolas e menos foco em eventos como a Copa do Mundo, que acontece no ano que vem no Brasil.
“Minha mãe é professora. Desde que se soube que o Brasil seria sede da Copa, vejo bilhões e bilhões sendo investidos na Copa, enquanto que a educação e a saúde continuam precárias”, disse Vitor Paiva, 26 anos, estudante de relações internacionais e política há sete anos na Inglaterra, que carregava um cartaz gigante detalhando os investimentos para a preparação para o evento esportivo.
O protesto, que se iniciou de maneira pacífica, foi realizado em uma área localizada entre a Catedral de Westminster e o Parlamento Britânico. Na avaliação de policiais presentes, o evento reúne cerca de 2 mil pessoas - mais manifestantes continuam a chegar ao local, e a estimativa dos organizadores é que a multidão se disperse às 20h locais (16h no Brasil).
A recepcionista Dayana de Paula e a barista Renata Brito fizeram questão de tirar fotos abraçadas com um policial britânico (Foto: Maeli Prado/Especial para o G1) A princípio, o protesto aconteceria em um dos principais pontos turísticos da cidade, a Trafalgar Square, mas foi transferido de local a pedido da polícia.
A recepcionista Dayana de Paula e a barista Renata Brito fizeram questão de tirar fotos abraçadas com um policial britânico (Foto: Maeli Prado/Especial para o G1)
PEC 37
Os manifestantes já se mobilizam para realizar novos protestos em Londres, como o contrário à aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 37, que deve ser votada na Câmara no próximo dia 26.
A proposta tramita no Congresso Nacional desde 2011, já foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e tem como objetivo tornar exclusividade das polícias Civil e Federal as atividades investigatórias criminais.
Outras cidades
Como outras cidades do mundo que organizaram manifestações de apoio às passeatas no Brasil, o protesto foi organizado pela rede social Facebook, onde participantes exibiam como foto do perfil a bandeira brasileira com os dizeres: “Brasil, tamo junto”.
Também tiveram protestos nesta terça cidades como Hamburgo (Alemanha), Florença (Itália), e Montreal (Canadá).

G1

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