Em evento que marcou as 500 mil assinaturas do novo partido,
ex-senadora disse que base governista pode 'protelar' análise de projeto
em manobra para evitar anulação pelo STF.
Em evento para marcar as 500 mil assinaturas recolhidas para criação de
seu novo partido, o Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva
disse neste sábado (15) que deve recorrer ao Supremo Tribunal Federal
(STF) se o projeto de lei que limita as novas siglas não for alterado no
Senado. “Além de ser inconstitucional, havia um atropelamento do
processo, ele não passou pela CCJ (comissão) da Câmara, ele não passou
pela CCJ do Senado (...) Agora já tem uma manifestação de vários
ministros em relação à inconstitucionalidade do mérito.
Marina elogiou o voto do ministro Gilmar Mendes, que defendeu barrar a
tramitação do projeto de lei. A maioria dos ministros do STF, no
entanto, entendeu que não é prerrogativa da Corte interferir em
propostas ainda em discussão no Congresso, como é o caso da lei dos
partidos. A ex-senadora teme uma ação protelatória da base governista no
Senado. “(Eles podem) criar uma situação de ir até uma reta final, sem
aprovar para que o Supremo não tenha tempo de fazer a apreciação do
mérito da Adin”, afirmou.
Para ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral, a Rede precisa
coletar 500 mil assinaturas, meta atingida nessa semana. Apesar do
número, os coordenadores do novo partido são cautelosos e já trabalham
para angariar mais 300 mil apoiadores até o próximo dia 7 de julho,
considerado a inviabilidade 40% das fichas, principalmente por terem
dados insuficientes. O evento reuniu representantes de Estados,
movimentos sociais e religiões que apoiam Marina. Os deputados federais
Walter Feldman (PSDB) e Domingos Dutra (PT) estiveram presentes. Entre
os convidados a falar, estava José Afonso da Silva, ex-secretário de
Segurança do ex-governador tucano Mário Covas, para quem as
manifestações recentes indicam que o País está despertando para "uma
crise cuja dimensões ainda não temos condições de prever".
Manifestações
Marina também declarou apoio às manifestações que têm acontecido em
diversas capitais brasileiras contra o aumento das passagens de ônibus,
desde que elas sejam "pacíficas", e disse que os governos estão
despreparados para receber as novas reinvidicações da sociedade.
"Eu acho que há um despreparo para lidar com esses movimentos de novo
tipo, esses movimentos não têm um centro, não têm um comando que possa
negociar pelo movimento. A lógica toda era de que você tinha ou um
sindicato, ou uma organização estudantil, ou algum líder carismático que
estava à frente do processo. Esses movimentos são autorais, e são
autoconvocatórios, portanto a resposta tem que ser para o conjunto do
movimento, de forma clara e objetiva", disse.
Realidade econômica complexa
A ex-senadora criticou a atuação do governo federal para estimular o
crescimento econômico e combater a inflação, além de criticar a forma
com a qual os atuais governos lidam com os movimentos sociais. Para ela,
é importante evitar o "discurso fácil" de que o Brasil é uma ilha.
"Estamos vivendo um momento delicado de uma crise econômica global e o
Brasil não está imune a esta crise", declarou. "Medidas que têm fim
puramente imediato, com agenda eleitoral, não darão conta dessa
realidade complexa porque tem algo bem mais difícil. Estimular o consumo
quando a capacidade produtiva do país já está a pleno vapor significa
que tem um esgotamento dessas formulas", defendeu.
Fonte: Natália Peixoto - iG/Último Segundo
Foto: Natália Peixoto / iG São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário