"Vamos revogar o reajuste voltando à tarifa original" de metrô, ônibus e trem, anunciou em entrevista coletiva o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pouco antes do anúncio do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de que a Prefeitura voltará atrás no aumento do preço da passagem de ônibus.
"É um grande sacrifício, vamos ter que cortar investimentos", disse o governador, estimando que será preciso "apertar o cinto".
Já Eduardo Paes destacou que "a redução do preço (das passagens de ônibus) é uma forma de mostrar respeito às pessoas que foram às ruas para protestar".
Em São Paulo, as passagens de metrô, ônibus e trens caíram de R$ 3,20 para R$ 3,00. No Rio de Janeiro, as tarifas de ônibus passaram de R$ 2,95 para 2,75, o metrô teve redução de R$ 3,50 para RS 3,20 e o ingresso às Barcas (Rio-Niterói) foi de R$ 3,30 para R$ 3,10.
Porto Alegre, Cuiabá, Recife e João Pessoa já haviam decretado a redução das tarifas dos transportes públicos.
A decisão ocorre em meio à onda de protestos sem precedentes que sacode o Brasil há mais de uma semana, marcada por cenas de indignação e violência contra o aumento nos preços dos transportes, os gastos astronômicos com a Copa do Mundo e as condições precárias dos serviços públicos, especialmente saúde e educação.
Nesta quarta-feira, manifestantes e policiais se enfrentaram na região da Arena Castelão, em Fortaleza, antes da partida entre Brasil e México, que a seleção brasileira venceu por 2 a 0.
Após o início da partida, 25.000 manifestantes bloquearam a passagem das quatro vias que dão acesso ao estádio, segundo a polícia, que manteve a multidão a 3 km do Castelão.
O protesto contra os gastos para a organização da Copa do Mundo descambou rapidamente para a violência quando manifestantes forçaram uma primeira barreira do esquema de segurança montado ao redor do estádio.
"Um pequeno grupo de vândalos nos agrediu, mas nós mantivemos o controle. Respondemos com gás lacrimogêneo", declarou à imprensa o coronel Cláudio Mendonça, que coordena as operações policiais.
Pelo menos dois manifestantes ficaram feridos, um deles atingido por uma bala de borracha, constataram jornalistas da AFP. Um policial foi atingido por uma pedra que deixou seu rosto ensanguentado.
"Nós protestamos porque o dinheiro investido nos estádios deveria ser aplicado na educação e na saúde. Eles montaram um espetáculo para o mundo", disse Matheus Dantas, 18 anos, sobre a Copa das Confederações e o Mundial de 2014.
"Brasil, vamos despertar, um professor vale mais que Neymar!", - gritavam os manifestantes em Fortaleza.
Em Niterói, milhares de pessoas ocuparam o centro da cidade, em um protesto que terminou com a depredação de agências bancárias, tentativa de incendiar um ônibus, interrupção do tráfego na Ponte e invasão da estação das Barcas.
O Batalhão de Choque foi acionado e utilizou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes que seguiam em direção à Ponte, fechada temporariamente por medida de segurança, o que provocou um enorme engarrafamento no Rio de Janeiro.
Com a Ponte fechada, centenas de passageiros que seguiam de ônibus para Niterói desceram e seguiram a pé. Do outro lado, no Rio de Janeiro, os passageiros desceram no acesso à avenida Brasil e procuraram uma forma de seguir para casa.
"Respeitaremos sempre a manifestação democrática, pacífica, mas não admitimos, em nenhum caso, atos de violência", disse o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves.
Também ocorrem manifestações em São Paulo, Belo Horizonte, Rio Branco, Brasília e até em Buenos Aires, onde os manifestantes reuniram-se na frente do emblemático Obelisco para caminhar até a embaixada brasileira, onde entregaram uma carta.
"Encontramos uma maneira de ajudar, como em outros países, daqui, mostrando que o que dizem os veículos de comunicação no Brasil são visões e relatos parciais que não mostram a realidade", disse um manifestante em Buenos Aires.
Grandes manifestações estão programadas para esta quinta-feira nas principais cidades do país, especialmente no Rio de Janeiro, onde um enorme protesto na segunda-feira reuniu mais de 100 mil pessoas e terminou em violência na zona da Assembleia Legislativa (Alerj), com vários feridos.
Segundo o ministério da Justiça, tropas da Força Nacional foram enviadas para reforçar a segurança em cinco das seis sedes da Copa das Confederações: Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Ceará e Brasília.
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