sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Opositores denunciam Kirchner por 'acobertar' morte de promotor

Opositores denunciam Kirchner por 'acobertar' morte de promotor

Denúncia diz que promotor Alberto Nisman foi assassinato.
Promotores convocam marcha de silêncio para 18 de fevereiro.

Do G1, em São Paulo
O procurador argentino Alberto Nisman, que denunciou a presidente Cristina Kirchner de acobertar o envolvimento de terroristas iranianos em atentado a centro judaico em 1994. (Foto: Reuters/Marcos Brindicci/File)O procurador argentino Alberto Nisman, que
denunciou Cristina Kirchner de acobertar o
envolvimento de terroristas iranianos em atentado
a centro judaico em 1994
(Foto: Reuters/Marcos Brindicci/File)
Legisladores opositores apresentaram nesta sexta-feira (6) uma denúncia contra a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pelo suposto acobertamento do que qualificam como o "crime" do promotor Alberto Nisman e por obstrução da investigação.
A denúncia foi apresentada com as assinaturas da deputada Elisa Carrió e seu colega Fernando Sánchez, ambos da opositora Coalizão Cívica CC ARI, e envolve, além da governante, o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, o chefe do exército, César Milani, e a procuradora-geral, Alejandra Gils Carbó.
O documento apresentado fala em suposto acobertamento da morte de Nisman, inteligência ilegal, intromissões graves no desempenho do Poder Judiciário, omissão de denúncia e formação de quadrilha para a comissão destes delitos, segundo o comunicado.
"O Poder Executivo alterou de fato a ordem constitucional, mediante a implantação de pistas falsas na investigação", diz a denúncia.
Alberto Nisman, promotor especial para a investigação do atentado contra a associação mutual israelita Amia que deixou 85 mortos em 1994, foi encontrado morto com um tiro na cabeça em sua casa no último dia 18 de janeiro, quatro dias após denunciar a presidente argentina por acobertamento dos suspeitos iranianos do crime.
As circunstâncias da morte ainda não foram esclarecidas apesar da investigação, infestada de confusões e contradições, apontar que morreu por um disparo realizado a não mais de um centímetro com a arma achada junto a seu corpo.
A presidente Cristina Fernandez de Kirchner mostra documento durante pronunciamento à nação em Buenos Aires nesta segunda-feira (26) (Foto: REUTERS/Argentine Presidency/Handout via Reuters )A presidente argentina Cristina Kirchner é acusada
de acobertar morte de promotor (Foto: REUTERS/
Argentine Presidency/Handout via Reuters )
Denúncia fala em assassinato
Na denúncia dos opositores se dá como certo que se tratou de um assassinato e não de um suicídio e se afirma que "deve investigar-se a participação de um ramo da Polícia Federal no crime do promotor Nisman".
Também pedem que se averigue "a possível produção de pistas falsas por parte dos investigadores e a existência de uma área liberada propicia para o homicídio do promotor".
"Pesa sobre a procuradora-geral a responsabilidade de não ter preservado a vida de um de seus homens, um promotor da Nação ameaçado, tanto como a constante perseguição de promotores independentes e uma inadmissível pressão sobre a promotora a cargo da investigação da morte de Nisman, Viviana Fein", sustenta a denúncia.
'Nisman era soldado'
O chefe de gabinete da presidente da Argentina afirmou nesta nesta que Nisman era um "soldado" involuntário do ex-chefe de contrainteligência Antonio Stiusso, que buscava vingança por ter sido demitido. Stiusso era um dos agentes mais poderosos, e ainda assim mais enigmáticos, do Secretariado de Inteligência.
Aníbal Fernández disse à Reuters na noite de quinta-feira que anos atrás já estava claro que Stiusso era quem dava as cartas no relacionamento com o promotor Nisman.
"Estou convencido de que Nisman não redigiu as acusações", disse Fernández numa entrevista em seu escritório dentro da Casa Rosada, a sede do governo, na quinta-feira. "Em seu papel de soldado no Exército de Stiusso, ele acabou assinando."
Fernández lembrou um encontro com Nisman em 2006 a propósito da relutância do promotor em viajar para uma reunião com a polícia internacional (Interpol). Stiusso também estava presente. "Você percebia quem era o comandante e quem era o comandado", declarou.
Stiusso foi demitido em dezembro. Fontes próximas da agência e do governo dizem que Cristina estava em conflito aberto com facções de sua própria agência de espionagem há dois anos, na esteira de uma mudança nas relações com o Irã que se seguiu a um acordo no qual ela pediu ajuda do país para investigar o atentado de 1994.

Marcha de silêncio
Os promtores da Justiça argentina convocaram uma marcha de silêncio para 18 de fevereiro, quando completa um mês da morte de Nisman. O promtor Carlos Stornelli pediu que seus colegas compreendam o significado da morte de Nisman e pediu que todos se unam à passeata.
"Essa morte macabra deve mobilizar uma tomada de consciência de que Nisman foi o primeiro caso, mas pode não ser o último", afirmou.
"Não é uma marcha contra ninguém", explicou, por sua vez, Guillermo Marijuan, que pediu que os participantes só levem bandeiras da Argentina.
A manifestação percorrerá o centro de Buenos Aires, do Congresso até a Praça de Maio, onde se encontra a sede do Governo.

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