Manifestantes protestam contra impeachment no centro de Fortaleza
Edwirges Nogueira – Correspondente da Agência Brasil
O ato reuniu representantes dos diversos grupos que fazem parte da frente, como sindicatos e entidades da sociedade civil, mas atraiu também profissionais de outros setores, como jornalistas e advogados e cidadãos sem vínculos com entidades.
Emocionado, o engenheiro Marcelo Campos, de 59 anos, que foi sozinho à manifestação, destacou o fato de ser brasileiro e ter esperança. Para Campos, as coisas vão mudar e não vai haver golpe. O engenheiro disse que a composição do Congresso Nacional eleito em 2014 foi um indício de que algo poderia acontecer em prejuízo do governo e que esse quadro só se reverterá se houver mobilização. "Quanto mais gente na rua, melhor."
O Movimento Juristas pela Legalidade e pela Democracia posicionou-se na manifestação contra a decisão da Seccional do Ceará da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de apoiar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A entidade também criticou a divulgação de áudios envolvendo advogados de pessoas investigadas Lava Jato pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos resultantes da operação em primeira instância.
"Enquanto há apoio ao impeachment de uma presidente baseado somente em indícios, advogados têm seu sigilo telefônico quebrado sob a justificativa de se fazer justiça. Não se faz justiça quebrando as regras do estado democrático de direito", afimou o advogado Ícaro Gaspar, integrante do movimento.
Muitos manifestantes vestiam vermelho e carregavam bandeiras da mesma cor, além de faixas com frases de repúdio à tentativa de retirar Dilma do poder. Outras pessoas levaram a bandeira nacional e pintaram o rosto com listras verdes e amarelas. Na caminhada pelas ruas do centro, um dos principais corredores comerciais de Fortaleza, lojistas foram até a calçada para acompanhar a manifestação.
Críticas à imprensa
Nos carros de som, os discursos falavam em manipulação e distorção de informações por setores da imprensa para prejudicar o PT e beneficiar atores que apoiam a saída do partido do governo federal. O professor Ronaldo Salgado, do Curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), concorda com essa afirmação. Ele disse que há empresas de comunicação que contribuem para acirrar um clima de disputa.
"Não adianta continuarmos em um regime democrático tendo monopólios e oligopólios de comunicação, que deturpam tudo o que está no noticiário e que envolve principalmente a figura política do Partido dos Trabalhadores. Há uma teia de fatores, e é importante que a sociedade procure compreender para participar, gritar, resistir e dizer não ao golpe autoritário que está sendo orquestrado por partes do Judiciário, do empresariado e dos meios de comunicação, o que nos causa indignação e revolta", afirmou Salgado
Antes de os manifestantes chegarem à Praça do Ferreira, a Polícia Militar (PM) estimou entre 5 mil e 6 mil o número de participantes. Às 20h35, a PM atualizou para 7 mil o número de pessoas presentes.
Edição: Nádia Franco
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