Por: AFP - Agence France-Presse
Publicado em: 09/03/2016 12:11 Atualizado em:
Relatório descreve crianças morrendo de doenças evitáveis. Foto: AFP/Arquivos Sameer Al-Doumy |
Beirute - Ao menos 250.000 crianças se encontram sitiadas em localidades sírias cercadas pelos beligerantes no conflito que devasta o país, e algumas são obrigadas a se alimentar com ração para animais e capim para conseguir sobreviver - de acordo com a ONG Save the Children.
"Pelo menos 250.000 crianças vivem sob um estado de sítio brutal em zonas da Síria que se transformaram em verdadeiras prisões a céu aberto", informa a ONG em um informe publicado nesta quarta-feira.
"Encontram-se isolados em relação ao mundo externo, cercados pelos beligerantes que usam o sítio como uma arma de guerra", acrescenta a Save the Children, que se baseia nos depoimentos de "pessoas que vivem e trabalham em zonas sitiadas da Síria".
Em um reduto rebelde ao leste de Damasco, o relatório descreve crianças morrendo de doenças evitáveis. "Algumas morreram por desnutrição, outros por falta de medicamentos. Aqui, crianças morreram de raiva por falta de vacinas", diz o relatório.
"As doenças de pele e gástricas se espalham, já que o regime cortou o abastecimento de água, e as pessoas se servem da que fica depositada na superfície. Em geral, contaminada pelo esgoto", descreve o informe.
"E, as crianças são particularmente afetadas pelas inflamações e infecções pulmonares causadas pelas emanações de fumaça das explosões", completa.
Cuidados em obstetrícia praticamente inexistem. "Muitas das mortes são consequência de hemorragias e da impossibilidade de operar. Os partos acontecem nas casas sem contar com uma parteira", conta Amira, uma mãe de família que vive em uma zona sitiada no norte da província de Homs (centro). "Algumas crianças morreram, porque não há incubadoras para os recém-nascidos", explica Abud, um assistente de saúde que trabalha perto de Damasco.
Muitas famílias entrevistas para o informe dizem que ficam sem comer durante todo o dia. Atualmente, na Síria, mais de 450.000 pessoas estão sitiadas, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Nesta terça, um porta-voz do programa alimentar mundial informou que pelo menos 150.000 delas não receberam qualquer ajuda desde meados de fevereiro.
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