sábado, 10 de outubro de 2015

'Podem pressionar, eu não renuncio', diz Eduardo Cunha

'Podem pressionar, eu não renuncio', diz Eduardo Cunha

MP da Suíça enviou dados de contas atribuídas ao presidente da Câmara.
PSOL quer cassação do mandato; oposição discute renúncia do cargo.

Andréia Sadi Da GloboNews
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse por telefone neste sábado (10) que não renunciará à presidência da Câmara apesar das novas revelações envolvendo contas atribuídas a ele na Suiça.

"Pode pressionar, eu não renuncio. Sem a menor chance. Podem retirar apoio, fazer o que quiserem. Tenho amplo direito de defesa. Não podem me tirar'', afirmou à GloboNews.

O deputado disse que não deixará a presidência da Câmara nem se começar a tramitar um processo de cassação do seu mandato, como pedido pelo PSOL. ''Vão iniciar de qualquer jeito. Isso leva um tempo''.
Líderes da oposição disseram à GloboNews, reservadamente, que vão sugerir ao deputado que renuncie à presidência da Câmara neste final de semana. Parlamentares do PSDB, DEM e PPS estão em contato por telefone para tentar chegar a uma posição de consenso e divulgá-la até terca-feira.

"Se a gente faz uma reunião, precisa tirar uma posição. E vamos esperar até terça se o deputado aceita alguma sugestão'', disse um dos principais dirigentes tucanos.

Nos bastidores, eles defendem que Cunha renuncie, mas sugerem que podem preservar seu mandato. Se ele perder o foro, uma eventual investigação envolvendo as novas denúncias serão apuradas pela primeira instância – e não mais pelo Supremo Tribunal Federal.

Ministros do governo consideraram as denúncias ''devastadoras'', mas temem que elas ensejem uma reação mais agressiva de Cunha na Câmara, fazendo com que ele acelere a análise dos pedidos para abrir processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff.

Contas na Suíça
Documentos sobre as contas na Suíça chegaram na última quarta (7) à Procuradoria Geral da República e entre eles, há papéis que incluem cópias de passaporte, comprovantes de endereço no Rio de Janeiro e assinaturas de Cunha.

Os investigadres rastrearam o caminho do dinheiro depositado nas contas bancárias, que receberam nos últimos anos depósitos de US$ 4.831.711,44 e 1.311.700 francos suíços, equivalentes a R$ 23,2 milhões, segundo a cotação desta sexta (9).

Os documentos do Ministério Público suíço contêm ainda detalhes, como gastos realizados em cartões de crédito, inclusive para gastos pessoais, como um curso de inglês na Malvern College, na Inglaterra, no valor de US$ 8 mil, e para uma academia de Nick Bollettieri, uma das principais formadoras de tenistas no mundo, com pagamento de US$ 59 mil.
Investigado no STF  por suspeita pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda, Cunha tem reiterado nos últimos dias depoimento que deu em março à CPI da Petrobras em que nega possuir contas no exterior.
Em nota divulgada no final da noite desta sexta, advogados do deputado informaram que ele ainda não foi notificado sobre uma eventual investigação na Suíça e tudo que sabe sobre o caso é por meio da imprensa.

"É de se destacar que até o momento o Presidente da Câmara dos Deputados não foi notificado, nem mesmo teve acesso, a qualquer procedimento investigativo que tenha por objeto atos ou condutas de sua responsabilidade. As únicas informações que possui são aquelas veiculadas nos órgãos de imprensa”, diz a nota.
“Sem que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se estranhar que informações protegidas por sigilo – garantido tanto constitucionalmente, como também pelos próprios tratados de cooperação internacional - estejam sendo ostensivamente divulgadas pela imprensa", completam os advogados.

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