Desautorizado pela presidente Dilma, Barbosa recua de mudança no mínimo
Após um telefonema, ele divulgou uma nota esclarecendo que o critério de correção seguirá o que está em vigor
Um dia depois de anunciar que o governo
proporia uma nova regra de reajuste do salário mínimo, o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, recuou. Ele foi desautorizado pela
presidente Dilma Rousseff, que descansa na Base Naval de Aratu, na
Bahia.
Desautorizado pela presidente Dilma, Barbosa recua de mudança no mínimo
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Após
um telefonema na manhã de sexta-feira, 2, ele divulgou uma nota
esclarecendo que o critério de correção seguirá o que está em vigor. É
um giro de 180 graus em relação ao que havia afirmado. “O cálculo do
salário mínimo, nós vamos enviar ao Congresso em momento oportuno. A
regra atual ainda vale para 2015. Vamos propor uma nova regra para
2016-2019 ao Congresso nos próximos meses”, disse.
Ele ainda garantiu que, qualquer que fosse o novo
critério, o piso seguiria tendo aumentos acima da inflação. Hoje, o
mínimo é corrigido conforme a variação da inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior, acrescida do
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás. Essa
política de valorização do salário mínimo vigorou até 2015, e foi com
base nela que o piso deste ano foi fixado em R$ 788,00.
Especialistas em contas públicas, porém, defendem
que essa regra seja alterada para que as despesas obrigatórias do
governo tenham um crescimento mais próximo do das receitas. O próprio
Barbosa, que até o final do ano passado estava na Fundação Getulio
Vargas, defendia uma regra diferente, que associaria o mínimo aos ganhos
de produtividade da economia brasileira.
Assim, uma mudança no critério de correção seria um
ingrediente importante do ajuste fiscal que Barbosa e o ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, preparam para implantar este ano. Há, no entanto,
compromissos políticos a observar.
No dia 8 de dezembro, Dilma já havia garantido,
durante reunião com dirigentes de centrais sindicais, que neste ano
enviaria ao Congresso projeto de lei renovando a atual política de
reajuste do salário mínimo, da forma como está. “Essa será uma briga de
foice no escuro”, previu Dilma no encontro com os sindicalistas, ao
avisar que enviará o novo projeto ao Congresso, no primeiro trimestre.
A presidente prevê resistências à proposta. Os
ganhos reais do salário mínimo foram, inclusive, ressaltados por Dilma
em seu discurso de posse. “No novo mandato vamos criar, por meio de ação
firme e sóbria na economia, um ambiente ainda mais favorável aos
negócios, à atividade produtiva, ao investimento, à inovação, à
competitividade e ao crescimento sustentável”, disse Dilma.
“Tudo isso voltado para o que é mais importante e
mais prioritário: a manutenção do emprego e a valorização, muito
especialmente a valorização do salário mínimo, que continuaremos
assegurando.”
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