Executivos dizem que propinas na Petrobras chegaram R$ 81 milhões
Por
- iG São Paulo
Depoimentos tomados pelos procuradores apontam que somente a Toyo Setal chegou a desembolsar R$ 60 milhões por obra de refinaria no Paraná
Os
dois diretores da Toyo Setal, Júlio Camargo e Augusto Ribeiro Neto,
afirmam, em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) no final de
outubro, que teriam sido obrigados a desembolsar pelo menos R$ 81
milhões para conseguir ou manterem contratos de prestação de serviços
com a Petrobras em quatro grandes obras da estatal.
Esses depoimentos foram prestados no âmbito da Operação Lava Jato,
ocorridos no final de outubro. Júlio Camargo, por exemplo, disse pagou
propina da ordem de R$ 6 milhões por contratos obtidos nas obras da
refinaria de São José dos Campos (SP); outros R$ 3 milhões por obras de
construção do gasoduto Cabuínas – Vitória e mais R$ 12 milhões por obras
na Refinaria do Paraná (REPAR), localizada em Araucária (PR). Já
Augusto Ribeiro Neto revelou pagamentos entre R$ 50 milhões e R$ 60
milhões para a obtenção de contratos também na REPAR.
Nos termos
dos depoimentos, os executivos declaram que o pagamento de propina foi
feito mediante transferências bancárias em contas indicadas por Pedro
Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras ou Renato Duque,
ex-diretor de Serviços da companhia. A maioria dos recursos foi
encaminhados para constas no exterior, conforme a delação dos
executivos. Eles também afirmam que houve pagamento de propina por obras
realizadas no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, mas nos
depoimentos eles não detalharam quanto foi repassado por essas obras.Durante as investigações, os executivos têm afirmado que além do depósito em contas no exterior, esses recursos eram encaminhados em dinheiro vivo ou encaminhados para doações de campanhas eleitorais. Augusto Neto afirmou que parte da propina era destinada a financiar campanhas eleitorais do PT. Camargo tem dito que efetuou depósito a 11 partidos, mas nenhum a título de pagamento de propina. Entre os quais, o PSDB.
Uma outra forma de pagamento de propina teria sido a contratação de empresas de fachada controladas por Alberto Youssef, doleiro tido como líder da organização criminosa desarticulada pela Lava Jato. Esses pagamentos teriam ocorrido entre 2008 e 2011 e muitos deles negociados por José Janene, ex-líder do PP e réu do mensalão que faleceu em 2010. Após a morte de Janene, o esquema continuou sendo operado por Alberto Youssef.
Janene
é tido não somente como o homem que articulava o pagamento de propina,
ao lado do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa,
como a pessoa que cobrava o pagamento e fazia ameaças às empresas que
tinham algum tipo de resistência ao esquema.
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