sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ayman al-Zawahiri. De médico a líder da Al-Qaeda foram só dois passos

Zawahiri ganhou notoriedade nos primeiros vídeos de Bin Laden divulgados no Ocidente


Abandonou a medicina para se juntar à rede terrorista que lhe valeu a família. 13 anos depois, a morte de Osama bin Laden fez o resto
O facto de Ayman al-Zawahiri, egípcio de 59 anos, ser formado em cirurgia oftalmológica pode ter sido a segunda de duas portas que teve de atravessar até chegar à liderança da Al-Qaeda - ontem oficializada em comunicado, um mês e meio depois da morte de Osama bin Laden, numa operação das forças especiais norte-americanas no Paquistão.

Desde que entrou para a rede terrorista, em 1998, Zawahiri tornou-se, mais do que no porta-voz da organização, no médico pessoal de Bin Laden. O homem que agora encabeça a lista dos dez terroristas mais procurados pelo FBI (com uma recompensa de 25 milhões de dólares por informações que levem à sua captura) chegou mesmo a fazer sombra ao líder: antes da morte de bin Laden em Maio, o seu biógrafo já definia Zawahiri como "o verdadeiro cérebro" da rede.

Os percursos dois dois homens cruzaram-se pela primeira vez durante a jihad contra os soviéticos, altura em que Zawahiri liderava a Jihad Islâmica Egípcia. A organização, agora extinta, juntou-se à Al-Qaeda em 1998, ano em que a rede levou a cabo dois ataques contra os EUA, fazendo explodir bombas nas embaixadas norte-americanas em Dar es Salaam (Tanzânia) e Nairobi (Quénia). Os ataques marcaram a fusão das duas redes, altura em que Zawahiri assumiu a posição número dois dentro da organização. Como este, o novo líder da Al-Qaeda desapareceu do mapa em 2001, depois dos atentados do 11 de Setembro em Nova Iorque, tendo sido visto pela última vez em Outubro desse ano na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. A sua mulher e três dos seus filhos morreram dois meses depois num ataque dos EUA na província paquistanesa de Kandahar.

Os amigos dizem que, mais do que cirurgião e jiahdista, Zawahiri é um poeta. Nascido a 19 de Junho de 1951, numa família burguesa do Cairo, entrou para a Irmandade Muçulmana, o partido ilegalizado no regime de Hosni Mubarak, com apenas 15 anos; décadas depois chegaria à liderança da Jihad Islâmica Egípcia. Quando se uniu à Al-Qaeda conseguiu um lugar à direita de bin Laden. Daí que não seja estranho que o seu nome estivesse no topo da lista de possíveis substitutos para a liderança da rede.

No início de Junho, Zawahiri comprometeu-se a dar continuidade à guerra santa lançada pelo antecessor. Faltava apenas a confirmação oficial de que estava atravessada a segunda porta para ganhar a liderança da célula terrorista. E o anúncio chegou ontem: "Depois de completa a consulta, a Al-Qaeda anuncia que o Xeque Dr. Ayman al Zawahiri - que Alá lhe dê êxito - assumiu a responsabilidade de dirigir o grupo."

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