Leão Jericho está vivo, mas não é irmão de Cecil, dizem pesquisadores
Após morte do leão 'ícone do Zimbábue', parque disse que Jericho foi morto.
Para pesquisadores, leões não são irmãos, mas parceiros de 'coalizão'.
Leão
Jericho foi fotografado por pesquisadores da Universidade de Oxford
para provar que ele está vivo. (Foto: Divulgação/WILDCRU)
Depois dos boatos de que caçadores haviam matado o leão Jericho,
pesquisadores da Universidade de Oxford conseguiram fotografar o animal
neste domingo (2) no Parque Nacional de Hwange, no Zimbábue,
e afastaram os rumores de que ele havia sido caçado assim como seu
“irmão”, o leão Cecil. Os cientistas, entretanto, levantaram outra
polêmica: Jericho e Cecil não são irmãos.
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“Jericho foi visto vivo e bem às 6h15 da manhã”, afirmou David
Macdonald, diretor da Unidade de Pesquisa e Conservação da Vida Selvagem
da Universidade de Oxford. O departamento acadêmico acompanhava Cecil,
antes de ser morto, e faz o mesmo com Jericho. O leão, morto por um
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Neste sábado, 1º, a Força de Proteção do Zimbábue (ZCTF, na sigla em inglês), havia anunciado que Jericho havia sido morto em uma nova caçada ilegal no país. A informação foi prontamente desmentida por Brent Stapelkamp, pesquisador do Hwange Lion Research Project, que seguia o animal via GPS. “Ele parece vivo e bem para mim, até onde posso dizer”, afirmou à agências de notícias Reuters. Após as declarações do pesquisador, a ZCTF reconheceu o erro neste domingo.
A foto de Jericho que prova que ele está vivo foi tirada por Stapelkamp. Segundo Macdonald, o leão de 11 anos tem grande porte é tem se alimentado bem. “Ele tem se alimentado de uma girafa morta com as leoas de seu bando.”
Ao mesmo tempo que encerrava uma lacuna, o diretor de Oxford inaugurava outra. “Muitas pessoas perguntaram se Jericho e Cecil eram irmãos. Eles não tinham grau de parentesco embora seu vínculo estivesse próximo da fraternidade. Leões machos frequentemente formam o que é chamado de ‘coalizões’ de cooperação com outros machos sem grau de parentesco com o objetivo de competir melhor com outros machos por territórios e bandos”, explicou.
Segundo ele, as maiores “coalizões” são feitas entre irmãos e meio irmãos, mas boa parte delas, 42%, são formadas por leões sem parentesco entre si. Macdonald afirma que demora anos para se ter esse tipo de compreensão sobre a vida desses grandes felinos. Mas é esse tipo de detalhe que permite traçar estratégias apropriadas para conservá-los.
A organização conservacionista Força de Preservação do Zimbábue denunciou Walter Palmer, dentista americano, que é suspeito de ter pago US$ 50 mil para caçar Cecil. Ele teria, com ajuda de dois cidadãos locais, atraído o felino para fora do Parque Nacional Hwange com uma isca, para então acertá-lo com uma flecha. O bicho não morreu naquele momento. Quarenta horas depois, teria sido morto com um tiro.
Os dois homens receberam acusações de caça ilegal, segundo a Reuters. Palmer, que não está mais no país africano, também foi acusado de matar o leão sem licença.
O dentista do estado de Minnesota, nos Estados Unidos, que passou a ser alvo de críticas e ofensas nas mídias sociais, disse que atirou no animal no dia 1º de julho, acreditando que se tratava de uma caça legal, já que havia contratado guias profissionais.
"Não tinha ideia que o leão era conhecido localmente, que tinha um colar e era parte de um estudo até o final da caçada", afirma o dentista em comunicado divulgado pela CNN. "Confiei na experiência dos meus guias profissionais locais para garantir uma caça local", diz na nota.
Cecil, macho dominante do parque, era conhecido pela incomum juba preta e era objeto de pesquisa científica da universidade britânica de Oxford sobre a longevidade dos leões. Os acadêmicos haviam instalado uma coleira no bicho.
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