A expressão da estudante do terceiro
ano do ensino médio, Natália Eugênio, ao falar sobre a decisão da
Justiça de anular em todo o Brasil 13 questões do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) é de indignação. Cada vez que a vestibulanda se
lembra que errou apenas uma das 13 questões invalidada na prova, sua voz
se eleva e as mãos ficam inquietas. “Isso é um absurdo! Deixa qualquer
pessoa indignada”.
Anunciada na noite da última
segunda-feira, a decisão do juiz da 1ª Vara Federal, Luís Praxedes
Vieira da Silva, de invalidar 13 questões da prova foi motivada pelo
vazamento das perguntas para um colégio de Fortaleza antes da aplicação
da prova. Apesar do pedido do Ministério Público Federal no Ceará de
anulação total do exame e da sugestão do Ministério da Educação (MEC) de
que apenas os 639 alunos da escola refizessem a prova, a Justiça
definiu que as questões fossem anuladas em todo o Brasil.
Para quem se preparou o ano inteiro para
o exame, a decisão não foi a mais justa. “Isso vai diminuir a minha
pontuação”, acredita Natália. “É muito complicado porque o governo está
prestando um serviço sem credibilidade nenhuma. Desde 2009 vem
apresentando problemas, então você já espera os erros”.
A desmotivação presente na fala de
Natália também é percebida em outros alunos pelo professor Júlio Reis.
Desde que a decisão foi anunciada, vários deles o procuraram para saber
sua opinião. “Como explicar para um aluno que não se pode colar se ele
não tem referência nem do próprio MEC?”, questiona. “A educação é uma
processo que possibilita a mudança da sociedade, mas como dizer para o
aluno agüentar firme diante dessa situação?”.
Para ele, a discussão vai muito além da
decisão emergencial de se anular algumas questões e passa pelo próprio
processo de formação do aluno. “O que está em questão é a
confiabilidade. Quando o aluno se depara com essas coisas, ele avalia e
passa a perder o foco e interesse em fazer o Exame”, acredita. “Agora, o
Enem não mais apenas avaliativo, é seletivo. O prejuízo é maior”.
UFPA
Preocupada com a contagem da pontuação
da prova após a anulação das questões, a estudante Flávia Xavier também
se pergunta se ainda pode haver mudanças. “Aqui (na escola onde estuda)
nós já estamos focados no conteúdo de outras faculdades que é diferente.
E se ainda for anulado? Como vamos ficar?”.
Apesar de ainda incerta, a possibilidade
de mudanças sobre os rumos que o Enem 2011 deve tomar existe. No site
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), responsável pela organização da prova, uma nota informa
que o MEC irá recorrer da decisão de anulação das questões no Brasil,
por entenderem que resolução é desproporcional.
Independente da decisão definitiva, a
também estudante Luiza Viana já se diz frustrada com a situação. “A essa
altura, qualquer decisão é injusta. A anulação das questões em todo o
Brasil favorece uma parte e prejudicam outras”, acredita.
Diante da atual situação do Enem, a
Universidade Federal do Pará (UFPA) informou que pretende manter o Enem
como a primeira fase de seu Processo Seletivo 2012. Este ano as notas do
Enem, que equivalem à metade do valor total das notas dos candidatos,
serão entregues já padronizadas pelo Inep à UFPA.
“Até aqui não há nada que possa
comprometer, nem a manutenção do Enem como parte do processo seletivo da
UFPA, nem a validade do Exame”, informou Marlene Freitas, pró-reitora
de Ensino de Graduação. (Diário do Pará)
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