Nomes de vítimas de acidentes aéreos eram usados por fraudadores
Dezesseis pessoas já foram presas por aplicar golpes ao sistema previdenciário
Foto: Jadson Marques / Parceiro / Agência O Globo
Entre os crimes praticados pelos grupos criminosos estava a criação de vínculos familiares falsos com vítimas dos acidentes aéreos da Gol, da TAM e da Air France para gerar pensões por morte.
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A investigação teve início há aproximadamente um ano e aponta que os criminosos identificavam entre os mortos nas tragédias aqueles que não haviam deixado dependentes. Com os nomes em mãos, eles criavam relações de dependência inexistentes utilizando-se de documentos falsos.
De acordo com o INSS, foram usados os nomes de quatro vítimas do acidente da Gol; de três mortos no desastre da Air France; e de duas vítimas da tragédia da TAM. Essas nove pensões por mortes somadas ocasionavam um prejuízo de R$ 28 mil por mês aos cofres públicos.
“Os fraudadores utilizavam tragédias aéreas para auferir valores, dando o tom fúnebre ao esquema e desrespeitando os familiares das vítimas”, disse a superintendente regional do INSS, Maria Alice Rocha Silva, cuja equipe deu suporte à operação.
Segundo a Polícia Federal, a fraude utilizando as vítimas de desastres aéreos chamou a atenção dos investigadores porque os pedidos de concessão de pensão por morte não eram feitos imediatamente.
“Normalmente, as pessoas esperam passar duas ou três semanas após a morte para ir até o INSS. No esquema, o primeiro benefício teve início em 2010, sendo que os acidentes tinham ocorrido em 2006 (Gol), 2007 (TAM) e 2009 (Air France)”, informou o delegado Álex Levi Bersan de Rezende.
Esquema
As organizações criminosas também concediam aposentadorias falsas, através da inserção de vínculos empregatícios fictícios, e benefícios assistenciais (LOAS) irregulares, com a inscrição de idosos inexistentes.
As fraudes ocorriam em duas agências do INSS, localizadas no município de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e no bairro de Santa Cruz, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Entre os membros das quadrilhas estavam cinco servidores públicos.
No total, foram identificados 165 benefícios previdenciários fraudulentos, que geraram um prejuízo estimado de R$ 3 milhões. Os investigados, dependendo da participação, vão responder por estelionato, inserção de dados falsos, falsidade ideológica, falsificação de documentos, advocacia administrativa e formação de quadrilha.
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