domingo, 17 de abril de 2016

Era brincadeira, diz defesa de suspeito da máfia da merenda sobre foto

Era brincadeira, diz defesa de suspeito da máfia da merenda sobre foto

A afirmação é do advogado Renzo Ribeiro Rodrigues, defensor de Carlos Luciano Lopes, preso na primeira etapa da operação Alba Branca


A foto em que o ex-vendedor da Coaf Carlos Luciano Lopes aparece sorridente em meio a maços de dinheiro era uma brincadeira e não tinha elo com propina investigada na máfia da merenda.

A afirmação é do advogado Renzo Ribeiro Rodrigues, defensor de Lopes, preso na primeira etapa da operação Alba Branca, que investiga o pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e 22 cidades. A Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) é apontada como responsável pelo esquema.

Na imagem, apreendida durante a operação, Lopes aparece em meio a maços e maços de notas de R$ 50, R$ 20, R$ 10 e R$ 2. Está anexada ao inquérito da operação, que investiga se o dinheiro exibido por Lopes é fruto de propina recebida no esquema.

Segundo Rodrigues, a imagem foi feita na própria Coaf e não tem vínculo algum com propina.

"Era uma brincadeira. Como a Coaf não tinha mais talões de cheque, os salários dos funcionários eram pagos em espécie na própria cooperativa. Ali estava todo o montante, ele fez uma brincadeira e tirou a foto", disse o defensor.

Rodrigues disse ainda que a foto é antiga -não soube precisar a data-, e que a Coaf não estava em boas condições financeiras na época em que a imagem foi feita.

O ex-vendedor foi preso em 19 de janeiro e solto após prestar depoimento em Bebedouro (a 381 km de São Paulo), cidade que abriga a cooperativa e que concentra parte da apuração -exceto a que envolve políticos com foro privilegiado, como é o caso do deputado estadual Fernando Capez (PSDB), investigado pela Procuradoria-Geral de Justiça, na capital.

Em depoimento à Polícia Civil de Bebedouro em janeiro, Lopes apontou Capez, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, como um dos beneficiários do esquema de pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda.

O deputado voltou a ser citado por presos na segunda etapa da operação, deflagrada no último dia 29. Em delação premiada, o lobista Marcel Ferreira Julio, que atuava para a cooperativa Coaf, disse que se encontrou duas vezes com Capez em 2014.

Em um dos encontros, disse ter visto Capez ligar para a Secretaria de Estado da Educação para agilizar um contrato da Coaf e, em seguida, sinalizar que queria dinheiro para sua campanha.

O deputado nega envolvimento com o esquema e alega que foi inserido "cunho político eleitoral" na operação, enquanto a "apuração legítima e isenta" da CGA (Corregedoria Geral da Administração), ligada ao governo do Estado, "demonstrou que não houve fraude nos contratos com a Secretaria Estadual da Educação".

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