quarta-feira, 8 de junho de 2011

Médico é capturado em Castanhal



Foragido da Justiça, o médico Agnello da Rocha Neto, 43 anos, foi localizado ontem pela polícia, por volta das 11h30, em seu primeiro dia de trabalho no Pronto-Socorro Municipal de Castanhal, onde atuaria como cirurgião geral no referido município. Agnello responde a quatro processos na comarca de Macapá, Estado do Amapá, todos por indenização por danos morais, materiais e estéticos. Ele chegou à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), em Belém, por volta das 15h30, onde agrediu jornalistas na entrada do prédio ao ser abordado, e ficará preso na unidade à disposição da Justiça.
De acordo com o diretor da DRCO, delegado Ivanildo Pereira dos Santos, a prisão do médico é o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz João Matos Junior, da Comarca de Macapá, em maio deste ano. "A captura de Agnello é resultado da ação em conjunta com a Polícia Civil do Estado do Amapá, onde informações iniciais apontavam que o paradeiro de Agnello era o município de Paragominas. Pouco tempo depois, soubemos que ele iria exercer sua função também no município de Castanhal", explicou o diretor.
Ao chegar à DRCO, acompanhado por policiais civis, Agnello tentou fugir das câmeras e acabou empurrando duas jornalistas na tentativa de entrar sem ser filmado ou fotografado. Na sala do diretor, negou ter fugido da Justiça e alegou ter se sentido pressionado pela imprensa. "Senhor Agnello, assim como eu, eles (os jornalistas) estão trabalhando. Não posso impedi-los de exercer seu trabalho. Além disso, o senhor está tendo a oportunidade de se explicar perante a sociedade, o que muitos não têm", disse o delegado Ivanildo.
Aparentemente mais calmo, minutos depois, Agnello decidiu falar com a imprensa. "Sou médico formado, tenho especialização em cirurgia plástica e não sabia da existência deste mandado de prisão. Eu comuniquei meus advogados da minha mudança para Belém e não sei por que eles não informaram à Justiça. Respondo, sim, a quatro processos por problemas de cicatrização, mas nunca fugi", declarou.
Defesa - O médico, graduado na Universidade do Estado do Pará (Uepa) e cujo registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) é 5508, alega ter documentação suficiente que comprove sua declaração e que já atendeu aproximadamente 450 pacientes até então. "Infelizmente, quatro pessoas deste universo tiveram problemas. Não digo que elas estão erradas em me processar, mas eu também não estou errado. A Justiça poderia ter comunicado minha bancada de advogados antes de assinar o mandado de prisão e evitar todo esse meu constrangimento", complementou.
Deformidade - De acordo com um dos trechos do laudo nº 3.613/2011, do Departamento de Medicina Legal, da Polícia Civil de Amapá, a cirurgia realizada pelo médico "resultou em deformidade permanente devido às lesões no abdômen". Nas fotos tiradas pelos peritos, inclusive, é possível ver cicatrizes e inflamações em quase toda região do abdômen da paciente/vítima. Na ocasião, Agnello chegou a ter a habilitação para o exercício da cirurgia plástica suspensa por seis meses, porém a punição já foi restaurada (cumprida).
Segundo o delegado Francisco Martins, da Polícia Civil de Amapá, o acusado se queixa também de perseguição política. "Ele (Agnello) acredita que é perseguido por autoridades locais, em Macapá. Outra coisa que ele alegou foi que o seu campo de atuação estava saturado, o que o motivou a vir para Belém. Além disso, ainda não sabemos por quanto tempo ele estava aqui, o que será esclarecido durante as investigações", destacou.

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