quarta-feira, 1 de junho de 2011

O IDEB vem aí! Essa é a chance de tirar o Pará do fim da fila!



Em Ligação do Pará, distrito de Dom Eliseu, uma escola ficou com 12 computadores praticamente um ano encostados em uma sala que deveria ser a de informática. Sem uso, apenas serviram para uma propaganda de inclusão digital, tão ao gosto dos governos de plantão. Na Ilha do Maracujá, distante a apenas 20 minutos de barco da capital Belém, as aulas eram ministradas à luz de lamparinas, pois não havia energia elétrica na comunidade. Duas situações distintas, de localidades muito distantes entre si, mas que representam as dificuldades enfrentadas por quem trabalha em escolas paraenses para levar educação a crianças e jovens do estado. A avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) na última segunda- feira, em que o Pará, mesmo com alguns avanços, ainda se mantém muito distante de uma excelência educacional adequada, pode servir de alerta para que o próximo governador corrija os rumos do ensino básico no estado.

O Pará evoluiu, segundo os dados do Ideb. Mas ainda patina em algumas séries, principalmente de 5ª a 8ª. Os índices mostram que nos anos iniciais do ensino fundamental, ou seja, de 1ª a 5ª série, o Pará passou de 2,8 em 2005 a 3,6 em 2009. Houve um crescimento, comemorado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Também houve melhora no ensino médio. Em 2005, o Pará teve um desempenho de 2,8. Em 2009 passou para 3,1.

“O calcanhar de Aquiles são os anos finais do Ensino Fundamental, aquilo que hoje é considerado de 6ª a 9ª séries”, diz o pedagogo e doutor em Educação Ronaldo Lima, coordenador de Pós-Graduação do Instituto de Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA). De fato, é onde o Estado praticamente estagnou. Em 2005, a pontuação foi de 3,3. Quatro anos depois, é de 3,4, ou seja, quase o mesmo índice.

Estudioso do Ideb, Lima diz que a deficiência educacional no Pará já se tornou uma questão ‘endêmica’. “As escolas municipais do estado estão entre as piores do Brasil, as escolas públicas federais estão entre as piores do Brasil, as escolas estaduais idem e essa também é a situação das escolas particulares, que também estão entre as piores do país se formos fazer uma comparação dos dados” diz o professor.

Mesmo assim, Ronaldo Lima diz que é necessário avaliar com cautela os dados do Ideb. “Eles não falam por si. Ele é uma fotografia distorcida da realidade. O próprio Ideb do Pará não pode ser considerado exatamente como o dos outros estados porque não foram computados os dados da rede particular de ensino. Nos outros estados foi feita essa média, que pode ajudar a melhorar os números”, diz Lima.

Isso não quer dizer, no entanto, que os indicadores são bons. “Os indicadores são ruins, mas temos que tomar cuidado com o juízo de valor. O Ideb não foi feito para ranqueamentos. Ele é um instrumento que deve permitir estratégias de melhoria no ensino”, afirma Ronaldo Lima.

É uma equação complicada. O Ideb avalia a educação nos estados e municípios por meio de dois indicadores. O primeiro é a taxa de aprovação escolar. O segundo é o desempenho na Prova Brasil, um exame realizado a cada dois anos e que avalia a Educação Básica até o Ensino Médio. Para chegar ao resultado, multiplica-se a taxa de aprovação com a prova e se chega então ao resultado do Ideb

REPROVAÇÃO

Nesse quesito, o Pará não tem um desempenho a que possa se orgulhar. Pelo menos 27% dos estudantes são reprovados a cada ano e pelo menos 15% se evadem das salas de aula por um ou outro motivo. Ou seja, o Estado supera os 40% de alunos que não concluem o Ensino Médio. “Isso vale para os outros níveis de ensino”, diz Ronaldo Lima.

O Pará melhorou no desempenho de Português e Matemática, mas ainda tem dificuldades enormes com a Redação. A taxa de aprovação é baixa. A Educação Básica (que no Brasil inclui a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio) ainda enfrenta dificuldades enormes para sair do atoleiro. E isso compromete o futuro do Estado. “Se falta a educação básica, significa que falta o básico para uma vida digna. É uma situação tão grave que deveria gerar uma mobilização geral”, diz Ronaldo Lima.

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