Brasil assina 35 acordos com a China em visita do premiê Li Keqiang
Primeiro-ministro chinês foi recebido por Dilma Rousseff no Planalto.
Acordos envolvem US$ 53 bi, sendo ao menos US$ 7 bi com Petrobras.
Li Keqiang chegou ao Brasil nesta segunda (18). Ainda nesta terça, ele se encontrará com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na quarta (20) e na quinta (21), Keqiang terá compromissos no Rio de Janeiro.
Também haverá cooperação entre os países nas áreas de mineração, ciência e tecnologia e comércio.
Petrobras
Entre os acordos, há três com participação da Petrobras, que somam ao menos US$ 7 bilhões, segundo a Presidência da República. Um deles prevê cooperação para financiamento de projetos da estatal no valor de US$ 5 bilhões. O presidente da petroleira, Aldemir Bendine, assinou o acordo com o presidente do Conselho do Banco de Desenvolvimento da China, Hu Huaibang.
Outro acordo, no valor de US$ 2 bilhões, assinado por Bendine e pelo presidente da companhia chinesa Cexim, também prevê acordo de cooperação para financiamento de projetos da companhia brasileira.
O terceiro acordo não teve o valor divulgado. Assinado por Bendine e pelo presidente do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), Yi Huiman, o ato prevê cooperação para o estabelecimento de “relacionamento a longo prazo” entre as instituições.
Dos 35 acordos entre os dois países, outro de destaque é o ato para cooperação na elaboração de estudos de viabilidade do projeto ferroviário transcontinental, que prevê uma ferrovia ligando o litoral do Brasil ao Peru.
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Outros acordos preveem também instalação do complexo metalúrgico do
Maranhão; financiamento para a compra de 40 aeronaves da Embraer pela
China; cooperação na área de tecnologia nuclear; e criação do polo
automotivo de Jacareí (SP).Além desses, os atos bilaterais assinados entre Brasil e China preveem o treinamento em tecnologia da informação, na China, de bolsistas do programa Ciência Sem Fronteiras; e financiamento de 14 navios de minério de ferro com capacidade para 400 mil toneladas.
Além disso, um acordo prevê cooperação entre o governo do Mato Grosso do Sul, o Banco de Desenvolvimento da China e o Grupo China BBCA sobre o processamento de milho e soja. Outros acordos prevem cooperação científica e “relacionamento de longo prazo” entre a Petrobras e a chinesa ICBC.
Na cerimônia, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o ministro da Administração Geral e Supervisão de Qualidade da China, Zhi Shuping, assinaram também protocolo de requisito de saúde e quarentena sobre a exportação da carne bovina do Brasil ao país asiático.
Desta forma, explicou o Ministério da Agricultura, oito frigoríficos de produção de carne bovina brasileiros passarão a exportar carne para o país asiático.
Encontro
Em pronunciamento à imprensa após se reunir com o premiê chinês, Dilma afirmou que os dois países devem “aperfeiçoar” as relações econômicas e buscar “maior harmonia, respeito e benefícios mútuos”. A chefe de Estado brasileira disse ter “certeza” de que Brasil e China “trilham este caminho”.
Em uma fala que durou pouco mais de 15 minutos, a presidente afirmou que, na reunião, ela e Li Keqiang falaram em propor na próxima reunião do G-20 a reforma de instituições financeiras internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, “que não refletem ainda em sua governança o peso dos países emergentes.”
Dilma enalteceu alguns dos acordos assinados nesta terça e citou o que criará um fundo de US$ 50 bilhões para financiamento de projetos de infraestrutura no Brasil, assinado entre a Caixa Econômica Federal e o Bando Industrial e Comercial da China.
A presidente disse “celebrar” o acordo firmado entre os bancos de Desenvolvimetno e de Comércio da China com a Petrobras para garantir crédito de US$ 10 bilhões.
“E o plano de ação conjunta 2015-2021 que assinei com o primeiro-ministro inaugura uma etapa superior em nosso relacionamento, que está expresso nos acordos, nos múltiplos acordos governamentais e empresariais firmados hoje [terça], em especial nas áreas de investimentos e comércio”, declarou Dilma.
Encontro empresarial
Após as reuniões e cerimônias no Palácio do Planalto, Dilma e Li Keqiang seguiram para o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. No local, eles discursaram no evento de encerramento do Encontro Empresarial Brasil-China. Depois, a presidente ofereceu um almoço para a comitiva chinesa.
Dilma Rousseff almoçou no Itamaraty com comitiva do primeiro-ministro chinês (Foto: Filipe Matoso/G1)
Dilma fez discurso semelhante ao que havia feito no Planalto, e voltou a
defender as relações comerciais entre os dois países. Em sua fala, ela
afirmou que os investimentos do país asiático significam “melhoria” da
situação econômica do Brasil.“Principalmente neste momento de desaceleração da economia internacional, o comércio e os investimentos recíprocos entre Brasil e China podem e vão significar uma melhoria na nossa situação econômica”, afirmou.
Ao dizer que o Brasil quer “consolidar” as relações com a China, a presidente afirmou que é preciso “abrir novas áreas” para ampliar o fluxo comercial, por meio de investimentos em infraestrutura e nas cadeias produtivas.
Em um discurso que durou cerca de 15 minutos, Dilma afirmou que a ampliação do comércio exigirá “empenho” dos dois países.
“O Brasil precisa dar um salto nos investimentos em infraestrutura e também deve continuar expandido toda a área de commodities. E quero destacar que a ampliação e a diversificação da nossa pauta de exportadora passa pela assinatura do protocolo sanitário que vai permitir a retomada das exportações de carne bovina para a China”, completou.
Após almoço com Li Keqiang no Itamaraty, Dilma fez novo discurso. Durante brinde, ela afirmou que a visita do primeiro-ministro chinês mostra que o Brasil “cumpre sua tarefa” na parceria com o país asiático. A presidente afirmou ainda que o governo brasileiro tem se empenhado e os acordos assinados nesta terça são a prova da “ambição” da agenda bilateral dos dois países.
Dilma afirmou manter “constante interlocução” com a China em instâncias como Organização das Nações Unidas (ONU) e Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O Brasil tem a China como principal parceiro comercial. Em 2014, as exportações para o país asiático somaram US$ 40,6 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 37,3 bilhões, resultando em um fluxo comercial de US$ 77,9 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Entre janeiro e abril deste ano, o comércio entre Brasil e China acumulou US$ 21,7 bilhões.
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