A “Operação Filisteu” em Parauapebas
No dia 5 de maio de 2015 o vereador
Odilon Rocha de Sanção, usando a tribuna da Câmara Municipal de
Parauapebas disse que o salário de aproximadamente R$10 mil que um
vereador recebe por seu ofício naquela casa mal dava pra se sustentar se
o parlamentar não for corrupto.
A frase polêmica do vereador tornou-se viral nas
redes sociais e a vida tranquila que o vereador levava ao longo dos seus
cinco mandatos entrou em queda, culminando com sua prisão, após
operação do GAECO – Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime
Organizado – realizada no município na manhã de ontem (26).
Odilon caiu no ridículo em rede nacional e esse fato
parece ter despertado a ira do Ministério Público paraense. Alguma coisa
deveria ser feita, e rapidamente. Organizou-se, então, a “Operação
Filisteu”, em alusão ao sobrenome do vereador (Sanção), segundo o
Promotor de Justiça Hélio Rubens Pinho Pereira.
Com a existência de um procedimento na promotoria de
Parauapebas para investigar casos de improbidade administrativa na
câmara de vereadores durante a gestão de Josineto Feitosa, deu-se o
start para a operação, que contou com 01 procurador de Justiça, 11
promotores de Justiça, 35 policiais, 7 funcionários do Ministério
Público e 15 viaturas. Portas foram arrombadas, residências de
vereadores vasculhadas à procura de documentos que ajudassem a elucidar
um suposto crime organizado que teria favorecido a mesa diretora
passada.
Durante a busca na residência do vereador Arenes (PT)
foram encontradas quatro armas, uma delas de uso restrito das Forças
Armadas. O vereador foi preso e vai responder por porte ilegal de armas e
posse de armas de uso restrito. Essa segunda tipificação impediu que o
vereador respondesse ao processo em liberdade através de fiança.
Segundo o promotor de justiça Hélio Rubens, o
empresário Edmar Cavalcante (Boi de Ouro) fora procurado pela direção da
Câmara para ser o operador de alguns contratos (fornecimento de
alimentação e locação de veículos). Parte desses pagamentos, afirma o
promotor de justiça, retornava para a mesa diretora da Câmara. Por
continuar operando mesmo depois de ser intimado a dar depoimento ao MP,
Boi de Ouro foi preso. Sua prisão preventiva foi decretada pelo juiz da
Vara Penal de Parauapebas, Líbio de Araújo Moura.
Odilon Rocha de Sanção está sendo investigado por ter
relação próxima à Boi de Ouro e por ser um dos beneficiários do esquema
supostamente montado pelo empresário. Segundo o promotor de justiça,
além do envolvimento no caso com Boi de Ouro, Odilon teria um contrato
para lavar veículos alugados para a Câmara municipal, veículos estes que
não existiam na totalidade do contrato e teria, ainda, usado a
secretaria municipal de assistência social de Parauapebas para receber
apoio logístico para sua festa de aniversário, ocorrido em uma de suas
propriedades rurais. Por reiterar na prática de supostos crimes, e por
ser pessoa influente no município, fato que poderia atrapalhar as
investigações, Odilon recebeu voz de prisão em cumprimento a Mandado de
prisão também assinado pelo juiz da Vara Penal de Parauapebas.
A operação ainda esteve na residência do vereador
Josineto Feitosa, presidente no período relativos às denúncias, nos
gabinetes de vereadores que compunham a mesa diretora da CMP à época e
em alguns setores da CMP. Foram levados HD’s, computadores e farta
documentação.
Depois de passarem no IML local para realização de
exames de corpo de delito, os vereador Arenes e o empresário Boi de Ouro
foram transferidos na noite de ontem para Marabá e hoje seguiram para a
capital do estado. O vereador Odilon, no IML, apresentou uma alteração
na pressão arterial. Depois de informado, através de um atestado de
saúde, que a pressão do preso estava muito alta, ele foi autorizado pelo
juízo a ser internado em um Hospital do município. A defesa do
vereador Odilon busca um Habeas Corpus que o libere para procurar um
grande centro, já que, segundo informações, seu estado de saúde é ruim.
As declarações do promotor Hélio Rubens, ao ser
perguntado do motivo de apenas o vereador Odilon ter sido preso, já que
outros vereadores foram beneficiados com o suposto esquema, ratificam o
desejo do MP de dar uma resposta à sociedade e à imprensa nacional sobre
a infeliz declaração de Odilon sobre corrupção. Odilon foi “boi de
piranha” e agora coloca a mesa diretora investigada sob pressão. Se
comprovadas as irregularidades, mais vereadores deverão se juntar a
Odilon e ao empresário Edmar.
Concomitantemente à investigação da Câmara Municipal,
a “Operação Filisteu”, da qual fazia parte o Núcleo de Combate à
Improbidade, coordenado pelo procurador de Justiça, Nelson Pereira
Medrado, cumpriu mandados de busca e apreensão na residência do
prefeito de Parauapebas, Valmir Mariano (PSD), em alguma repartições no
Morro dos Ventos, sede da prefeitura, na secretaria municipal de obras e
em uma empresa que tem contratos com a prefeitura. O alvo eram
documentos que comprovariam um suposto esquema em licitações e
desapropriações na atual gestão. Não haviam mandados de prisão ou de
condução coercitiva de nenhum dos investigados em relação a prefeitura
de Parauapebas.
Em nota, a Assessoria de Comunicação da prefeitura de
Parauapebas afirmou que toda a administração colaborou com o
levantamento de informações de modo a garantir que as investigações
corram da melhor forma possível, e que em relação aos procedimentos de
desapropriações, os mesmos foram realizados em estrita observância da
legislação regente. Confira a íntegra da nota:
Em respeito à população e no cumprimento do nosso
dever, tendo em vista ação investigatória realizada pelo Grupo de
Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), em curso
no Município, que resultou em busca e apreensão de documentos e prisão
de vereadores desta municipalidade, a Prefeitura Municipal de
Parauapebas vem a público esclarecer o que segue:
-
Por expressa determinação do Prefeito Municipal toda a administração está colaborando com o levantamento de informações de modo a garantir que as investigações corram da melhor forma possível;
-
Em relação ao objeto das investigações que envolvem o processo administrativo de desapropriação de área para implantação do projeto social de habitação popular, o mesmo foi realizado em estrita observância da legislação regente, como se constata da documentação que instrui os procedimentos e que foi prontamente fornecida aos responsáveis pela operação;
-
A Prefeitura Municipal de Parauapebas comunica a toda população que todos os serviços municipais encontram-se funcionando normalmente sob a responsabilidade de cada secretário;
-
Em relação aos procedimentos referentes à Câmara Municipal de Vereadores de Parauapebas, as providências legais são de responsabilidade da Mesa Diretora do Poder Legislativo e acreditamos que todas as medidas cabíveis estão sendo efetivamente adotadas;
A Prefeitura Municipal de Parauapebas reitera sua
disposição em colaborar de forma transparente e objetiva com todo o
processo investigatório em curso, de modo a que todos os fatos possam
ser devidamente apurados, dentro dos ditames da lei.
Prefeitura Municipal de Parauapebas
Assessoria de Comunicação Social
Durante uma coletiva realizada no Fórum de
Parauapebas na tarde de ontem, Nelson Medrado afirmou que as
investigações estão no início e que não há nenhum pedido de afastamento
do prefeito. Medrado disse ainda que a justiça é relutante em afastar
temporariamente prefeitos sem que todas as fases do processo tenham sido
ultrapassadas. Medrado disse ainda que agora toda a documentação
colhida será analisada e periciada. Depois, caso comprovadas as
denúncias, medidas serão tomadas no sentido de ressarcir ao erário
público os supostos desfalques e ações serão impetradas no sentido de
retirar da vida pública agentes políticos que cometem irregularidades.
Assessoria de Comunicação Social
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